Em delação premiada na Operação Lava Jato, o ex-diretor financeiro da construtora UTC Walmir Pinheiro Santana afirmou que a empresa repassou propinas para o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP), para o tesoureiro da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, José De Filippi, e para campanhas eleitorais do PT em troca das assinatura de contratos com a Petrobras na refinaria Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro).
Segundo Santana, foram repassados cerca de R$1,7 milhão para Dirceu, R$ 400 mil para Filippi e R$ 1,8 milhão para as campanhas do PT nas disputas pelas prefeituras de Belo Horizonte, Recife, Contagem, Montes Claros, Campinas e São Bernardo dos Campos.
O delator apontou que esses valores foram "descontados" do valor total de R$ 15,5 milhões que a empresa deveria repassar ao PT em razão das assinaturas dos contratos do Comperj, após autorização do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. O restante do dinheiro foi entregue ao PT por meio de doações oficiais, de acordo com o executivo.
O depoimento de Santana confirma acusações feitas pelo dono da UTC, Ricardo Pessoa, também em delação premiada, sobre o pagamento de propinas da empresa para o PT.
Santana também apontou o repasse de suborno para o ex-gerente de engenharia da Petrobras Pedro Barusco, no valor de aproximadamente R$ 2 milhões.
OUTRO LADO
A defesa do ex-ministro José Dirceu relatou que "desconhece o teor completo do depoimento e reitera que a relação da JD Assessoria [empresa de José Dirceu] com a UTC foi de prestação de consultoria em mercados externos".
A Folha procurou a assessoria de Filippi mas ele ainda não se manifestou sobre a acusação de Santana.
A assessoria do PT afirmou que "todas as doações que o PT recebeu foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e declaradas à Justiça Eleitoral".
A reportagem não localizou a defesa de João Vaccari Neto nesta segunda-feira (9).