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Petrobras 'sempre estará sujeita a esse risco', diz Bendine sobre corrupção

Alan Marques/Folhapress
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, depõe na CPI que investiga a estatal
O presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, depõe na CPI que investiga a estatal

Perguntado se a Petrobras está livre da corrupção, o presidente da estatal, Aldemir Bendine, afirmou que as atitudes ilícitas são práticas individuais e que a empresa "sempre estará sujeita a esse risco".

O mandatário da estatal foi instado a abordar o tema durante a sessão da CPI da Petrobras desta quarta-feira, ao responder uma pergunta do deputado Altineu Cortes (PR-RJ).

"A corrupção é algo muito individual. Óbvio que (a empresa) sempre estará sujeita a esse risco. Estamos num processo de transição. Em 8 meses ainda não foi possível estabelecer as melhores praticas de governança que almejamos", reconheceu.

Bendine adiantou que a estatal vem empregando esforços para aperfeiçoar a gestão e a transparência. Entre as mudanças, há medidas para permitir que as decisões sejam mais colegiadas e menos individuais.

Ele afirmou que está em curso um processo de reorganização dos cargos de alto comando da companhia.

"Uma das coisas que me causaram estranheza foi encontrar 50 gerentes-executivos sem responsabilidade estatutária. Enxugando a cadeia de comando, você atribuiu mais responsabilidades. Isso é fundamental", explicou Bendine.

O depoimento do presidente da Petrobras começou por volta das 16h20. Ele evitou fazer considerações nominais sobre seus antecessores e ex-diretores da companhia.

ECONOMIA

Durante a sessão, Bendine anunciou que ações de gestão adotadas para baratear a dívida da companhia já geraram uma economia de US$ 3,8 bilhões em 2015.

De acordo com Bendine, a companhia vem buscando alternativas para alongar prazos e reduzir os valores dos débitos da empresa.

"Temos buscado uma dívida de prazo mais longo e preço mais baixo. Só nesse reescalonamento para esse ano, que nos garantiu folga de caixa e já estamos trabalhando para 2016, tivemos economia para a companhia em 2015 de US$ 3,8 bilhões com essa melhor gestão de endividamento", adiantou.

O presidente da Petrobras afirmou mais de uma vez que um dos principais desafios da companhia hoje é recuperar a credibilidade por meio de mudanças no modelo de gestão.

"Conseguimos, através de uma série de captações e negociações, quase US$ 11 bilhões, que puderam fazer frente ao caixa da companhia, que não atendia às necessidades de uma empresa desse porte", exemplificou.

PRORROGAÇÃO

O prazo regimental da CPI se encerra no próximo dia 23. O deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), com o apoio de outros deputados, já apresentou um requerimento solicitando a prorrogação dos trabalhos por mais 120 dias.

Entretanto, o relator da comissão, Luiz Sérgio (PT-RJ), se posicionou contrariamente à ampliação das atividades do colegiado. "E como vice-líder do meu partido, vou encaminhar contra a prorrogação", adiantou.


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