Folha de S. Paulo


Dilma liga para Cunha para saber de clima antes de votação de vetos

Pedro Ladeira - 16.abr.15/Folhapress
Dilma cumprimenta o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em cerimônia comemorativa do Dia do Exército, em Brasília (DF)
Dilma e Cunha durante cerimônia comemorativa do Dia do Exército, em Brasília (DF)

A presidente Dilma Rousseff telefonou na tarde desta terça-feira (22) para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para saber como está o clima na Câmara para a sessão de vetos desta noite.

O peemedebista almoçava com líderes partidários no momento da ligação e conversava justamente sobre o assunto. Uma resposta definitiva, contudo, só será possível no fim do dia, após as diversas reuniões que ocorrem ao longo da tarde.

Com receio de que os vetos presidenciais sejam julgados nesta nesta terça-feira (22), a presidente também telefonou para o líder do PMDB no Senado Federal, Eunício Oliveira (CE), e se encontrou durante a manhã com o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), no Palácio do Planalto.

Nas duas conversas, segundo a Folha apurou, a presidente voltou a pedir o adiamento da sessão parlamentar.

Apesar de haver, nos bastidores, acordo para adiar a votação dos 32 vetos que podem gerar impacto de R$ 127,8 bilhões para os próximos quatro anos, o governo está preocupado com a possibilidade de não conseguir evitar uma derrota caso a sessão realmente ocorra.

Com a base governista desgastada, o Palácio do Planalto dava como certa a derrota na semana passada. Hoje, o cenário ainda é incerto. As bancadas dos partidos aliados se reúnem até o fim do dia para avaliar como está o clima.

Mais cedo, Cunha disse ser "arriscado" abrir a sessão. "Vai ser ruim. Acho melhor, do ponto de vista pragmático, não correr esse risco e adiar, por uma questão simples. Se o governo perder, a relação do mercado vai ser horrorosa e a situação já tem uma instabilidade. Você não deverá correr muitos riscos", afirmou o presidente da Câmara.

O presidente do Senado, que também preside o Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), sinalizou mais cedo que pode adiar a sessão.

É o próprio Renan quem deve liderar o movimento para adiar a reunião desta noite. Se uma das duas Casas estiver com votação em andamento na hora marcada para a sessão do Congresso, ela se torna inviável.

Como a oposição não aceitará fazer acordo para adiar a sessão, essa será a alternativa que o Senado vai colocar em prática para protelar a votação dos vetos presidenciais.

Caso os vetos de impacto bilionário sejam derrubados, o ajuste fiscal que o governo tenta fazer pode ser inviabilizado. O projeto que mais preocupa o governo é o que barra o reajuste de cerca de 59,5% dos servidores do Judiciário nos próximos quatro anos. O impacto, conforme cálculos do governo, é da ordem de R$ 25,7 bilhões.


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