Folha de S. Paulo


Servidores encerram paralisação e anunciam 'greve parcelada' no RS

Após receberem a segunda parcela do salário atrasado de agosto, os servidores estaduais encerraram a greve geral no Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (11). Prevendo novo parcelamento dos rendimentos, os funcionários anunciaram uma "greve parcelada".

Em crise, o governo de José Ivo Sartori (PMDB) parcelou em quatro vezes os salários dos servidores. Por isso, o movimento unificado dos servidores, que reúne 44 categorias, optou pela greve.

"Se o salário for parcelado em três vezes, serão três dias de paralisação: salário parcelado, trabalho parcelado. A cada parcela paga haverá nova paralisação", disse em nota a Fessergs (Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado do Rio Grande do Sul).

Fernando Gomes/Agência RBS - 3.ago.2015/Folhapress
Famílias de policiais militares protestam contra parcelamento dos salários da corporação

Funcionários da área de segurança –como policiais civis e agentes de penitenciárias– decidiram interromper a paralisação ainda pela manhã. A Brigada Militar (a PM gaúcha), que é proibida de fazer greve, foi impedida de sair dos quartéis pelos familiares desde que os funcionários do Executivo receberam apenas R$ 600 no último dia 31. Os servidores do Legislativo e Judiciário receberam normalmente.

Os professores estaduais votaram pelo fim da greve em uma assembleia realizada nesta tarde. A assembleia do Cepers (sindicato dos docentes do RS) lotou uma casa de shows de Porto Alegre, que tem capacidade para 5.500 pessoas.

Muitos professores acompanharam a assembleia do lado de fora. Ônibus de diversas cidades do Estado trouxeram docentes para a assembleia. Alguns professores reivindicavam a continuidade da greve e fizeram um pequeno tumulto.

Na próxima terça-feira (15) as categorias devem paralisar o trabalho para pressionarem os deputados estaduais que votarão projetos polêmicos. O movimento não quer alteração na previdência e rejeita o congelamento de salários e contratações, assim como o aumento de impostos –todas propostas de autoria do governo Sartori.

No começo da noite desta sexta, o governador anunciou que pagará um valor menor ao programado anteriormente. Em vez de R$ 1.400, os servidores irão receber na segunda (14) R$ 1.000.

CRISE

As contas do governo gaúcho foram desbloqueadas nesta quinta (10), após o pagamento atrasado dos R$ 265,4 milhões da parcela de agosto da dívida do Estado com a União.

Os recursos do Estado foram sequestrados no último dia 1º, após um dia de atraso do pagamento. Foi segundo bloqueio das contas por calote do governo Sartori.

Na quarta (9), a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, em Brasília, aprovou uma auditoria da dívida gaúcha com a União.

O pedido foi estendido também às dívidas dos Estados de Minas Gerais e Paraná. O Tribunal de Contas da União confirmou a auditoria, mas disse que não há prazo para sua realização.

Sartori tem feito pedidos ao STF (Supremo Tribunal Federal) e aos ministros peemedebistas para que as contas do governo gaúcho não sejam bloqueadas novamente.


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