Folha de S. Paulo


Após críticas do governo, Renan retira proposta sobre Mercosul de agenda

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu retirar a proposta que inviabilizava a atuação do Mercosul da agenda apresentada pelo PMDB ao governo para combater a crise econômica. A decisão foi tomada após o peemedebista se reunir com o ministro Armando Monteiro (Desenvolvimento) e de o Planalto ter divulgado nota criticando a medida.

A proposta inicial era acabar com a união aduaneira no Mercosul, para possibilitar que o Brasil pudesse firmar acordos bilaterais ou multilaterais sem depender do apoio dos demais membros do bloco econômico. Em contrapartida, o bloco teria seu status enfraquecido, o que diverge da posição histórica do país sobre o relacionamento com os vizinhos da região.

Apesar de ter retirado a menção ao Mercosul e a questão da união aduaneira, os senadores ainda discutirão novas regras para expandir a possibilidade de firmar acordos bilaterais e multilaterais.

Para Monteiro, o Mercosul tem uma importância estratégica para o país, ainda mais em um momento em que o Brasil negocia com a União Europeia. "Quando o Brasil negocia na perspectiva ampliada do mercado regional, isso fortalece a posição negociadora do país", disse.

Após a reunião, o ministro defendeu que o Senado faça, em contrapartida, aperfeiçoamentos à atuação do Brasil no bloco. "Eu acho que o Senado tem toda a legitimidade para colocar esse tema em debate. Eu acho que nada deve ser transformado num dogma. [...] Agora, aperfeiçoamentos no Mercosul podem e devem ser introduzidos, mas temos que ter sempre o cuidado de não traduzir a ideia de aperfeiçoamentos com a ideia de queremos desconstruir o Mercosul", afirmou.

Em nota, a assessoria de imprensa da Presidência afirmou que o fim da união aduaneira do bloco "difere frontalmente do atual projeto do Mercosul".

Para evitar rusgas com os senadores, o texto, no entanto, adota tom cauteloso ao afirmar que todos os temas propostos no pacote "serão analisados e discutidos pelo governo brasileiro, de acordo com o interesse nacional, tendo em vista os princípios da política externa do país".


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