Folha de S. Paulo


Para o PMDB, Dilma deu aval a ação de Mercadante contra Michel Temer

Evaristo Sa - 9.jun.2015/AFP
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e em evento com a presidente Dilma Rousseff
O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e em evento com a presidente Dilma Rousseff

A cúpula do PMDB desconfia que a presidente Dilma Rousseff tenha dado aval à proposta do ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) de indicar Eliseu Padilha para a Secretaria das Relações Institucionais, o que esvaziaria os poderes do vice-presidente Michel Temer (PMDB).

A movimentação, revelada pela Folha nesta quarta (10), irritou o vice, escalado pelo governo para cuidar da articulação política do Planalto.

Peemedebistas ouvidos pela reportagem afirmam que Mercadante não teria feito a proposta se não contasse com respaldo da presidente. E ressaltam que Dilma não buscou Temer para tratar do assunto.

Procurado pela reportagem, o ministro da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, disse que houve um ''equívoco'' na interpretação da manifestação de Mercadante.

"Ele se expressou com objetivo de buscar o melhor funcionamento da SRI, sob comando de Temer. Já que graças ao trabalho do vice, o governo obteve vitórias importantes no Congresso e é importante que isso continue."

Dilma transferiu a articulação política do governo para Temer em abril, no auge da crise política entre o Executivo e o Congresso. Com isso, o vice passou a acumular as funções e colocou na SRI uma equipe de sua confiança.

Há dez dias, numa reunião entre Mercadante, Temer e Eliseu Padilha, o ministro da Casa Civil sugeriu que uma pessoa ficasse encarregada exclusivamente de atender pleitos dos deputados. Temer reagiu e descartou a proposta.

Em reunião nesta quarta no Palácio do Jaburu, Mercadante reiterou a ideia de nomear Padilha, mas negou movimento para enfraquecer o vice.

As declarações provocaram uma correria de petistas para evitar nova crise política. Nos bastidores, ministros dizem que a proposta não teve aval de Dilma. Até mesmo colegas de função reprovaram a defesa de que a SRI voltasse a ter um ministro. A ideia foi considerada "estapafúrdia" dentro do governo.


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