Folha de S. Paulo


Acordos de delação são somente pontos de partida, dizem advogados

Indagado sobre o fato de o depoimento de Alberto Youssef não ter correspondido ao prometido em relação aos supostos ilícitos em Furnas, o advogado do doleiro, Antonio Augusto Figueiredo Basto, disse que os documentos dos acordos trazem apenas um "projeto".

"O que vale mesmo são os depoimentos depois da assinatura do acordo. Os anexos [documentos sobre os crimes a serem revelados pelos delatores] dos acordos são meros projetos, que podem dar certo ou errado. Além disso, a palavra do delator só tem validade se houver posterior comprovação por outros elementos no decorrer das apurações", afirmou Basto.

A advogada que fez a delação premiada de Paulo Roberto Costa, Beatriz Catta Preta, foi procurada pela Folha, mas não respondeu.

João Mestieri, atual advogado de Costa, disse que os termos dos acordos "são apenas pontos de partida genéricos, que inclusive podem conter enganos. O que importa é que Paulo Roberto Costa deu uma significativa colaboração para as investigações".

A Folha enviou pedido de manifestação para a Procuradoria Geral da República, responsável por casos dos políticos com foro privilegiado no STF, mas não teve resposta.

Questionado sobre as situações dos acordos dos senadores, o procurador Carlos Fernando Lima, coordenador das colaborações premiadas na Lava Jato, disse que não iria comentar sobre esses casos específicos pois eles estão sob os cuidados da PGR.

Lima afirmou, porém, que aqueles que prometem falar muito e decepcionam durante os depoimentos têm essas situações consideradas no momento em que a Procuradoria tem a prerrogativa de pedir à Justiça a pena máxima ou mínima prevista nos acordos de delação.

Ele ressalvou que apesar de os acordos na Lava Jato terem até mais de 50 situações de crimes, muitas vezes as informações constantes em só um deles já vale a assinatura dos acordos de delação.

Aécio Neves, Renan Calheiros e Romero Jucá negam ter praticado irregularidades.


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