Folha de S. Paulo


Procuradoria investiga negócio de cunhada de tesoureiro

Documento obtido na Operação Lava Jato aponta que Marice Corrêa de Lima, cunhada do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, fez uma operação imobiliária fora do padrão com a empreiteira OAS em 2013, mesmo ano em que se suspeita que ela tenha recebido valores da construtora ligados ao esquema de corrupção na Petrobras.

O negócio foi a transferência de um apartamento no Guarujá (SP) de Marice para a OAS pelo valor de R$ 430 mil, cerca de dois anos após a cunhada de Vaccari ter adquirido o imóvel por R$ 200 mil, em 2011. A operação indica um aumento de 115% no valor do apartamento no período, o que é incomum no mercado imobiliário.

Em 2009, os apartamentos do condomínio onde fica o imóvel foram transferidos pela cooperativa dos bancários paulistas, a Bancoop, à OAS. À época, a Bancoop era presidida por Vaccari.

Indagada pela Folha sobre a elevação do valor do apartamento, a empreiteira disse que "houve um distrato do contrato de compra e venda que resultou na devolução dos valores pagos, atualizados até a data deste distrato".

Segundo a investigação, quebra de sigilo de mensagens eletrônicas apontou que o doleiro Alberto Youssef, operador financeiro do esquema, providenciou a entrega de R$ 110 mil em espécie a Marice após orientação de um executivo da OAS, em 3 de dezembro de 2013. Em nota, a empresa negou "veementemente" esse repasse.

Em novembro do ano passado, a Procuradoria chegou a pedir a prisão de Marice sob o argumento de que o grampo da PF mostrou que ela participava do esquema. Ela também já foi apontada por Youssef como a emissária de Vaccari para receber R$ 400 mil em 2012, relativo a parte da propina paga pela Toshiba.

A Folha ligou para Marice, mas uma funcionária disse que ela não estava. A reportagem deixou contatos e pediu um retorno, mas Marice não telefonou de volta.

Em depoimento à PF, ela negou ter recebido os R$ 110 mil da OAS e ter qualquer ligação com o esquema de corrupção na Petrobras.

O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, afirma que nunca recebeu valores ilícitos de fornecedores da estatal.


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