Folha de S. Paulo


Oposição comemora adesão às manifestações contra o governo Dilma

A oposição ao governo federal comemorou os números das manifestações realizadas neste domingo (15) em diversas cidades do país. Mesmo sem apoiar oficialmente os atos políticos, líderes do PSDB, DEM e PPS participaram dos protestos.

A avaliação dos oposicionistas é que os atos enfraquecem o governo federal e a presidente Dilma Rousseff e, como consequência, fortalecem as siglas contrárias ao PT e ao Palácio do Planalto.

Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) pediu que a população "não se disperse" ao comemorar o resultado dos protestos. Derrotado por Dilma nas eleições de outubro, o tucano não participou da manifestação no Rio, mas apareceu em vídeo e na sacada de seu apartamento com a blusa da seleção brasileira de futebol –nas cores oficiais dos protestos deste domingo.

Aécio pretende reunir líderes oposicionistas esta semana para discutir os atos políticos e capitalizar para a oposição os resultados das manifestações. A ideia é aumentar as cobranças sobre o STF (Supremo Tribunal Federal) e Ministério Público para a punição dos envolvidos na Operação Lava Jato, vinculando o esquema de corrupção na Petrobras ao governo Dilma.

Editoria de Arte/Folhapress

"Esse 15 de março vai ficar lembrado para sempre como o Dia da Democracia. O dia em que os brasileiros se vestiram de verde e amarelo e foram para as ruas se reencontrar com as suas virtudes, seus valores, e também com os seus sonhos", afirmou o senador tucano.

Aécio disse que optou por não comparecer aos atos políticos para deixar "muito claro quem é o grande protagonista" das manifestações: o povo brasileiro. "O povo cansado de tantos desmandos, cansado de tanta corrupção. Mas o caminho só está começando a ser trilhado. Por isso, não vamos nos dispersar", conclamou o tucano.

Senadores como Ronaldo Caiado (DEM-GO), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e os deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP), Marcus Pestana (PSDB-MG), José Aníbal (PSDB-SP), entre outros, foram às ruas acompanhar os protestos. Mesmo favoráveis aos atos políticos, os oposicionistas ainda não falam em impeachment de Dilma.

Caiado cobrou investigações sobre a presidente na Lava Jato, mas considera que a insatisfação popular também atinge os deputados e senadores. "Chegou a hora do Congresso entender que, sem uma pauta em sintonia com a população, o processo de desgaste de Dilma vai atingir deputados e senadores. A população não suporta mais esse processo de acertos, 'ajeitamentos', acordos e conchavos de parlamentares por cargos e ministérios", afirmou.

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), defendeu "diálogo e não ruptura" como resposta às manifestações deste domingo. "É preciso dar uma resposta urgente, mas ainda acredito que o diálogo e não a ruptura é o melhor caminho neste momento", afirmou numa rede social na internet.

O prefeito de Salvador (BA), ACM Neto (DEM), pediu que o governo tenha "humildade" para ouvir as ruas e "transforme em políticas públicas a agenda do nosso povo". "É hora de deixar os interesses partidários de lado e priorizar o recado da sociedade", completou.

Em nota, o senador José Serra (PSDB-SP) disse que os brasileiros "fizeram história" neste domingo ao reunirem mais de um milhão de pessoas nas ruas nas manifestações.

"Não foi organizada por partidos da oposição ou entidades sindicais. É o produto espontâneo da reação ao estelionato eleitoral, à inépcia do governo federal e da indignação contra a corrupção implantada como método de administrar o país", disse o tucano.

Serra afirmou que o PSDB vai usar como "palavra de ordem" para a atuação do partido a frase: "longe das benesses do poder, mas perto do pulsar das ruas", lema da época da fundação da sigla.

REAÇÃO
Líderes petistas evitaram comentar os protestos deste domingo, mas o PT mobilizou as redes sociais para rebater os atos. O twitter oficial do partido postou uma série de comparações entre os governo Dilma e Fernando Henrique Cardoso, apresentando números favoráveis à gestão petista em indicadores como cestas básicas, mortalidade infantil, investimentos em educação e saúde.

Petistas também adotaram a hastag #MenosOdioMaisDemocracia em resposta aos protestos contrários ao governo Dilma Rousseff.

"Dilma, a sua história de luta e coragem em defesa da democracia, ontem e hoje nos enche de orgulho.#MenosOdioMaisDemocracia", postou a senadora Fátima Bezerra (PT-RN).

O presidente do PT, Rui Falcão, publicou no twitter mensagem em que afirma que "todas as manifestações são legítimas, ajudam a consolidar e fortalecem a democracia do Brasil". O petista retuitou mensagem do site oficial do partido em que afirma que "quem não quer a presidente, quem não quer o nosso governo, espere até 2018 para disputar nas urnas".

O caminho para o Impeachment; Crédito William Mur/Editoria de Arte/Folhapress


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