Folha de S. Paulo


Ex-ministro diz que, sem provas, denúncias vão 'virar pó'

Incluído na lista de investigados no Supremo Tribunal Federal por suspeita de participação no esquema de corrupção na Petrobras, o ex-ministro Mario Negromonte (PP-BA) disse à Folha que, sem a apresentação de provas, as denúncias feitas pelos delatores vão "virar pó".

"Duas pessoas [o ex-diretor Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef] que estão com cem anos de processo, são réus confessos, vão em delação e fazem afirmações, ilações, e não têm provas. Isso vai virar pó", disse.

Para o ex-ministro do governo Dilma, o ônus da prova cabe aos delatores.

Negromonte é acusado de participar de uma quadrilha para receber propinas do esquema montado na estatal, conforme pedido de inquérito aceito pelo STF.

Alan Marques - 26.jan.2011/Folhapress
O ex-ministro Mario Negromonte (PP), atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia
O ex-ministro Mario Negromonte (PP), atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia

Ele nega ter recebido dinheiro da dupla Costa e Youssef e diz ser alvo pelos cargos que ocupou. "Sou mais citado pelo que fui do que pelo que fiz." Além de ministro das Cidades, Negromonte foi deputado federal até 2014 e líder da bancada do PP na Câmara. Hoje, ele é conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia.

Youssef disse em delação ser o operador do PP na diretoria de Abastecimento da Petrobras, então comandada por Paulo Roberto Costa. Segundo Youssef, recebia propina de empreiteiras para o ex-diretor. Uma parte do dinheiro desviado iria para o PP.

O esquema teria sido montado pelo ex-deputado José Janene e mantido após sua morte, em 2010. De acordo com o doleiro, Janene distribuía os recursos no PP, e líderes da legenda –como Negromonte– ficavam com a maior parte. O resto era dividido entre outros integrantes do PP.

Após a morte de Janene, Negromonte passou a comandar o grupo, segundo Youssef. Entregas de dinheiro teriam sido feitas no apartamento funcional que o ex-ministro tinha em Brasília e em sua casa, em Salvador (BA).

Negromonte nega o papel de interlocutor. "De jeito nenhum. Vamos supor que eu fosse... Cadê telefonema? Cadê sociedade? Cadê dinheiro lá fora? Não tem nada."

Depois que Janene morreu, segundo o ex-ministro, Youssef ficou sem interlocução no PP. "Acho que ele quis vender o partido e não conseguiu. Usar os parlamentares, o ministro, o nome das pessoas para conseguir alguma coisa junto às empresas."

Ele disse que Youssef nunca pediu nada diretamente a ele nem esteve no ministério das Cidades: ''Deus me livre!''


Endereço da página: