Folha de S. Paulo


Após discurso de Dilma, Aécio acusa presidente de 'estelionato eleitoral'

Presidente do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) afirmou nesta terça-feira (27) que a fala da presidente Dilma Rousseff na primeira reunião ministerial de seu segundo mandato mostra que a petista "tenta se defender da acusação de ter sido protagonista do maior estelionato eleitoral da história do país."

Segundo o tucano, que foi derrotado por Dilma na disputa eleitoral do ano passado, a presidente faz um "jogo de cena", mostra em "imensas contradições e improvisações dos últimos 30 dias" que ainda não se preparou para um segundo mandato e "quem vai pagar a conta, mais uma vez, serão os brasileiros".

Num texto recheado de ataques, o senador disse que a presidente faz parecer que a atual situação do Brasil, especialmente com as dificuldades econômicas, foram "obra do acaso" e que sua postura afronta a inteligência dos brasileiros.

Alan Marques - 3.dez.2014/Folhapress
O senador Aécio neves (PSDB-MG), em discurso na tribuna
O senador Aécio neves (PSDB-MG), em discurso na tribuna

"Ao invés de combater a inflação, a paralisia da economia, a falta de confiança, a presidente pede que ministros combatam boatos. Na verdade, a grande fábrica de boatos tem sido o PT, a candidata Dilma e seu marqueteiro na campanha de 2014. O que está acontecendo agora não é boato. É realidade. A presidente já editou de forma autoritária Medidas Provisórias que retiram direitos dos trabalhadores e aumentam impostos".

O senador avalia que as primeiras medidas do ajuste fiscal de Dilma representam um "estelionato eleitoral duplo" e sustenta que a "única reforma que foi feita até agora foi o aumento da carga tributária na semana passada em mais de R$ 20 bilhões em um contexto de PIB estagnado".

"O governo já vinha estudando as mudanças no seguro desemprego, abono salarial e pensões antes das eleições, mas não apenas negava a necessidade de mudanças como prometia que não iria fazê-las. Foi um estelionato eleitoral premeditado."

"A presidente não apenas descuidou da inflação como segurou preços da gasolina e da energia que serão reajustados agora. Em 2015 teremos um tarifaço graças à política artificial da presidente Dilma de controlar a inflação que foi um desastre duplo: não reduziu a inflação e deixou um prejuízo monumental para a Petrobras e Eletrobras."

Segundo ele, "foi preciso muita incompetência, muita arrogância para desprezar os alertas feitos por tantos brasileiros para que chegássemos até aqui".

Para o tucano, Dilma deve desculpas aos brasileiros. "Faltou em primeiro lugar humildade para a presidente para que ela pedisse desculpas aos brasileiros. A presidente deveria ter iniciado suas palavras se desculpando. Não apenas pela corrupção instalada na Petrobras durante o seu governo, como sugeri durante a campanha", provocou o congressista.

"A presidente deveria ter se desculpado pelos erros que cometeu e que trouxeram o país à grave situação em que ele se encontra e pelo fato de, movida apenas pelo interesse eleitoral e não pela preocupação com o bem-estar dos brasileiros, ter adiado medidas que, se tomadas há mais tempo, afetariam menos a vida de milhões de pessoas".

OPOSIÇÃO

As críticas de Aécio também foram repetidas por outros líderes da oposição. Para o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), Dilma quer combater a crise com discurso marqueteiro.

"Dilma estabelece a enganação como método de governo. Prometeu uma coisa na campanha, fez o inverso assim que assumiu, mandou a conta do descalabro econômico para a classe média e ainda tem a coragem de ir a público pregar diante de seus ministros a continuação da guerra de comunicação. Ela quer combater a crise com a retórica", lamentou Mendonça Filho.

O senador eleito Ronaldo Caiado (DEM-GO) reforçou a crítica. "Dilma venceu a eleição defenestrando seus opositores e agora recorre ao 'estilo João Santana' para que ministros vendam esse Brasil de ilusão que foi forjado durante a campanha. Não se vence uma crise econômica com palavras, presidente. Não é com a continuação da mentira que a inflação vai diminuir e o país vai voltar a crescer ", criticou Caiado.


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