Folha de S. Paulo


Apuração sobre gravação suspeita que atingiria Cunha deve demorar

Os resultados da investigação sobre uma gravação que teria o objetivo de desgastar a candidatura do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à presidência da Câmara só devem sair após a eleição, marcada para 1º de fevereiro.

Cunha disse na terça (20) ter recebido informações de que integrantes da cúpula da Polícia Federal teriam forjado, a mando do governo, uma gravação para incriminá-lo, fala que irritou o Planalto e provocou críticas de entidades ligadas à polícia.

A PF abriu um inquérito. Horas depois, o delegado do caso foi à Câmara e se apresentou ao parlamentar.

Sérgio Lima - 16.dez.2014/Folhapress
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara dos Deputados
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), candidato à presidência da Câmara dos Deputados

Diante das reações, Cunha ligou para o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) para dizer que não tomou como verdade a denúncia, que só defendeu apuração dos fatos.

Ele explicou que agiu para tentar evitar que a gravação fosse divulgada e trouxesse desgaste para sua campanha.

Em outra frente, o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) orientou petistas a evitarem que a tensão na base seja ampliada, deixando sequelas pela briga entre Cunha e Arlindo Chinaglia (PT-SP), seu concorrente.

O líder do governo, Henrique Fontana (PT-RS), criticou a ameaça de Cunha de que, ao tomar lado na disputa na Câmara, o Planalto terá que administrar seus efeitos. "Foi uma frase infeliz. Ameaçar com sequelas não é nada democrático", atacou o líder.

Na gravação que motivou o embate, um diálogo entre dois homens, o nome de Cunha é citado. Um, que supostamente seria agente da PF, ameaça contar tudo o que sabe caso Cunha o abandone. O outro, que seria ligado a Cunha, tenta tranquilizá-lo.

Para Cunha, a ideia do diálogo seria mostrar que um deles seria o policial federal Jayme Alves de Oliveira, o Careca, investigado na Operação Lava Jato, sobre o esquema de desvios da Petrobras.

Análises preliminares da PF indicam que nenhuma das vozes do áudio é de Careca.

No Paraná, núcleo da Lava Jato, a gravação vem sendo tratado com desconfiança e, segundo investigadores, chegou a provocar risadas.

A autenticidade da gravação só será confirmada após a conclusão dos trabalhos dos peritos da PF.

Em média, o parecer final leva 30 dias para ficar pronto.


Endereço da página:

Links no texto: