Folha de S. Paulo


Governo tem total confiança na gestão de Graça Foster, diz ministro

Em mais uma tentativa do governo de defender a presidente da Petrobras, Graça Foster, diante das investigações sobre irregularidades na estatal, o ministro Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) afirmou nesta quarta-feira (17) que o Planalto tem total confiança na gestão de Foster e da sua diretoria. Ele elogiou ainda os procedimentos adotados pela empresa para investigar as denúncias de corrupção.

A declaração de Berzoini foi motivada pelo comentário do relator da CPI mista da Petrobras, Marco Maia (PT-RS), de que Foster e os demais diretores da estatal não têm mais condições de continuar no comando da empresa. O petista defendeu a demissão dos dirigentes. Segundo a Folha apurou, a presidente Dilma Rousseff ficou irritada com a declaração de Maia e ordenou que Berzoini defendesse Graça Foster.

"[Falei] Em relação a uma declaração que o relator da Petrobras fez como análise política e não com juízo em relação ao seu relatório e que pode evidentemente gerar apreciações equivocadas sobre a opinião que é nossa e de todos que conhecem o desempenho, a competência e o compromisso da Graça Foster com a Petrobras", disse Berzoini.

Sérgio Lima - 3.abr.2014/Folhapress
O coordenador político do governo, Ricardo Berzoini (Relações Institucionais)
O coordenador político do governo, Ricardo Berzoini (Relações Institucionais)

Marco Maia alterou seu relatório final nesta quarta para incluir o pedido de indiciamento de cerca de 50 suspeitos de participar do esquema de corrupção na estatal. Na lista há os ex-diretores da petroleira Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Renato Duque, e dois ex-gerentes, Pedro Barusco e Silas Oliva. No entanto, nem o afastamento de Graça Foster e dos atuais diretores, nem o seus indiciamentos constam do relatório final.

Segundo o ministro, sempre que alguém, independente de quem seja, fizer comentários sobre a gestão de Foster à frente da empresa, o governo irá se manifestar. Questionado sobre se as reiteradas tentativas de defender a presidente da estatal não indicam um crescente enfraquecimento de sua gestão, o ministro apenas negou a tese.

"Pelo contrário. Apenas para deixar claro a posição nossa em relação ao comportamento extremamente profissional que a Graça Foster vem mantendo à frente da empresa. Quando há qualquer tipo de manifestação de quem quer que seja quanto a isso, o governo sente a necessidade de deixar clara sua posição para evitar especulações à maior empresa brasileira e que tem importância estratégica para o país", disse.

Para o ministro, o enfrentamento feito pela Petrobras em relação às denúncias de corrupção na empresa tem sido conduzidas com "zelo, firmeza e determinação pela presidenta e pela diretoria" e disse que este é "o caminho para enfrentar as dificuldades e enfrentar a necessidade de encontrar o caminho correto para a para a Petrobras ter total eficiência para manter a confiança do povo brasileiro e, principalmente, para que possamos ter essa empresa, que é um patrimônio do povo brasileiro, com uma gestão correta, eficiente e que tenha transparência em relação a todos os seus negócios".

Em café da manhã com jornalistas nesta quarta, Foster afirmou que permanecerá no cargo enquanto "contar com a confiança" da presidente Dilma Rousseff. Durante a reunião, foram reapresentados números operacionais, e a executiva disse ter conversado "duas ou três vezes" sobre a saída dela e de diretores com Dilma. Ela explicou que ofereceu o cargo de toda a diretoria por uma questão de "conveniência" diante do fato de a empresa não ter tido o balanço auditado.


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