Folha de S. Paulo


Suíça pretende enviar ao Brasil novos documentos sobre cartel de trens

O Ministério Público da Suíça pretende enviar formalmente ao Brasil a partir do ano que vem processos de investigação criminal que devem contribuir com a apuração sobre o cartel de empresas que fraudou licitações de trens em São Paulo.

O envio da documentação ao Brasil, que ainda precisa passar por um trâmite burocrático no país europeu, foi informado à delegação de procuradores e promotores brasileiros que viajaram a Berna, na Suíça, em busca de novas indícios de corrupção envolvendo empresas multinacionais e funcionários públicos brasileiros.

O Ministério Público de São Paulo acredita que os novos documentos ajudem a descobrir se há mais servidores públicos envolvidos no esquema de fraude e a entender melhor a forma de atuação de multinacionais como Alstom e Siemens na obtenção de contratos. O cartel de trens em São Paulo teria agido entre 1998 e 2008, em governos do PSDB.

A expectativa é ainda de que as novas provas contribuam na identificação do percurso de dinheiro encontrado na Suíça relacionado a investigados no escândalo do cartel.

A Polícia Federal concluiu a investigação sobre o cartel e indiciou nesta quinta-feira (4) 33 pessoas por suposto envolvimento no esquema.

Em maio, cinco contas bancárias do ex-diretor de engenharia da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) Ademir Venâncio foram bloqueadas na Suíça em razão da origem suspeita do dinheiro.

No ano passado, o também ex-diretor da CPTM João Roberto Zaniboni foi indiciado sob a acusação de ter mantido US$ 836 mill (o equivalente a cerca de R$ 2,2 milhões) em conta bancária no país europeu. O dinheiro seria resultante do pagamento de propinas.

O Ministério Público de São Paulo também acredita que os novos documentos tragam informações sobre conta bancária na Suíça cuja titularidade é atribuída ao conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Robson Marinho.

Ele é investigado desde 2008 sob suspeita de ter ajudado a Alstom a obter um contrato com a EPTE (Empresa Paulista de Transmissão de Energia) e Eletropaulo sem a realização de nova licitação

Para o envio dos documentos ao Brasil, uma nova delegação de promotores e procuradores deve ser enviada novamente à Suíça no ano que vem.


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