Folha de S. Paulo


Temer se reúne com Dilma e diz que governo vai dialogar com Congresso

O vice-presidente Michel Temer adotou nesta terça-feira (28) o mesmo discurso da presidente reeleita Dilma Rousseff e afirmou que o governo fará um grande diálogo com o Congresso Nacional e com a sociedade para decidir como poderá ser realizada uma reforma política no país, uma das principais promessas de Dilma para o seu próximo mandato.

"Evidentemente estamos no começo de tudo. Aliás, nem começo do novo mandato, apenas vencemos. Haverá, disse a presidente, um grande diálogo no Congresso Nacional sobre esse tema e temos que caminhar juntos nisso: o Congresso, o Executivo e a sociedade brasileira", disse Temer.

Ele se reuniu com Dilma na manhã desta terça no Palácio da Alvorada, residência oficial em Brasília, por cerca de uma hora. "Ela me chamou para conversar sobre esse diálogo nacional que ela quer realizar. Na verdade ela está em busca da união nacional em todos os setores brasileiros e vamos trocando ideia sobre isso", afirmou ao sair do Alvorada.

Apesar de seu discurso a favor de um diálogo, líderes do PMDB no Congresso já demonstraram não concordar com a proposta da petista de realizar um plebiscito para a reforma política. O partido é o maior aliado de Dilma no Congresso.

Os peemedebistas defendem uma reforma produzida por deputados e senadores, que, depois, passe por um referendo dos eleitores. Já Dilma defende um plebiscito para que os brasileiros decidam o conteúdo da reforma. Depois, o Congresso elaboraria as mudanças.

Nesta segunda-feira (27), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), divulgou uma nota em que disse caber ao Legislativo a decisão sobre os pontos de mudança - uma vez que não há consenso sobre o que deve ser alterado nem mesmo entre os congressistas.

Davi Ribeiro/Davi Ribeiro/Folhapress
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pré-candidato a presidente da Câmara em 2015
O deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), um dos favoritos para presidir a Câmara a partir de 2015

COMANDO DO CONGRESSO

Temer falou também sobre as próximas presidências do Congresso. Para ele, o acordo histórico de revezamento entre PT e PMDB no comando das duas Casas deve ser mantido mas a ordem entre os partidos pode mudar.

Como o PMDB preside o Senado e a Câmara atualmente, o PT deveria assumir no próximo ano. No entanto, o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), já articula a sua candidatura para o posto.

"Não tratamos disso [na conversa entre ele e Dilma], mas eleições passadas fazíamos um acordo, até escrito, entre PT e PMDB, os dois maiores partidos e ajustávamos que um biênio era do PT e um era do PMDB. Acho que dessa feita talvez também esse fosse o melhor caminho, esse acordo deu certo para o Congresso, deu muita harmonia interna para o Congresso e deu muita harmonia na relação do Congresso com o poder Executivo. O Congresso vai discutir isso, mas eu só recordo esse exemplo, porque volto a dizer, deu bons resultados lá no Congresso", disse.


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