Folha de S. Paulo


Boa votação eleva cacife de Alckmin para 2018

Com a segunda maior votação de um candidato a governador de São Paulo desde a redemocratização do país –57% dos votos válidos–, Geraldo Alckmin (PSDB) sai da disputa eleitoral deste ano como um dos nomes mais fortes do partido para a próxima sucessão presidencial.

O tema ainda é tratado com discrição pelo governador, mas dirigentes tucanos em São Paulo consideram que é natural que ele pleiteie o posto em 2018 caso o presidenciável Aécio Neves (PSDB) não saia vencedor na disputa contra Dilma Rousseff (PT).

Com a derrota do PSDB em Minas Gerais, o que deve enfraquecer a ala mineira da sigla, a avaliação é que São Paulo ganhará peso ainda maior na correlação de forças internas do partido e, portanto, na escolha do candidato à sucessão presidencial.

À exceção de Aécio Neves, todos os candidatos a presidente do PSDB desde a eleição de 1994 saíram dos quadros paulistas: Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998), José Serra (2002 e 2010) e Geraldo Alckmin (2006).

Com o desempenho obtido nas urnas e tendo disputado apenas uma vez a sucessão presidencial, o nome do governador é apontado pelo comando do partido em São Paulo como o primeiro da fila para a disputa eleitoral de 2018.

PROBLEMAS

Para garantir sua preferência na relação de nomes cotados para presidente, no entanto, o governador terá de ter êxito no gerenciamento de crises e problemas administrativos em seu novo mandato.

Além da possibilidade de enfrentar um cenário econômico adverso no ano que vem, que poderá afetar as finanças estaduais, ele terá de solucionar a crise de desabastecimento do sistema Cantareira, um dos problemas mais sensíveis de sua atual gestão.

Caso a falta de água se agrave, o tucano poderá pagar a fatura política por não ter realizado um racionamento, o que é defendido desde o início do ano por técnicos e especialistas na área.

No novo mandato, o governador terá também o desafio de pacificar as diferentes alas do partido em São Paulo para a escolha do candidato tucano à prefeitura da capital paulista em 2016.

Pela primeira vez desde 1996, nem Alckmin nem Serra devem disputar o cargo, o que já tem causado movimentações dentro do partido.

Entre as principais apostas, aparecem os nomes do vereador Andrea Matarazzo e do deputado estadual Bruno Covas –eleito neste domingo (5) deputado federal.

VIRADA

Em discurso na sede estadual da sigla, após a confirmação da vitória em primeiro turno, o governador afirmou que sua reeleição "reafirmou os valores de São Paulo" e que as urnas "consolidaram o que está indo bem".

"Estamos iniciando uma nova jornada, mas não vamos começá-la do zero", disse.

O tucano se comprometeu a trabalhar a partir de agora pela eleição de Aécio Neves a presidente e defendeu que agora é o momento do Brasil "reencontrar o seu rumo".

"Eu e José Serra já fomos candidatos [a presidente] e batemos na trave. Quem vai marcar o gol é o povo. E como diz o jogador Ronaldo Nazário: de virada é sempre melhor", afirmou.


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