Folha de S. Paulo


Para Dilma, quem não suporta pressões não pode ser presidente

A presidente Dilma Rousseff, candidata do PT que tenta a reeleição, respondeu indiretamente neste sábado (14) ao choro da adversária Marina Silva (PSB) ao dizer, em discurso, que quem não quer que fale de si não pode ser presidente.

"Presidente da República sofre pressão 24 horas por dia. Se a pessoa não quer ser pressionada, não quer ser criticada, se não quer que falem dela, não dá para ser presidente da República", afirmou Dilma.

Reportagem deste sábado (13) da Folha relata que a ex-senadora Marina Silva fez um desabafo ontem e chorou ao ser questionada sobre críticas que recebeu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT.

Depois, em entrevista, Dilma foi questionada sobre o choro da ex-senadora e disse que não ia comentar o fato, por não achar "pertinente". Mas emendou com uma resposta parecida com a declaração dada no palanque: "Eu acho que, para ser presidente, a gente tem que aguentar a barra".

Em seguida, a presidente amenizou o tom. "Eu não sou contra as pessoas chorarem. Chorar é intrínseco ao ser humano. Nos distingue rir e chorar, mas eu acho que o mais característico é que o homem é um bicho que ri, ri até de si mesmo", completou.

Dilma, que participou de ato de campanha em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, nesta manhã, também criticou indiretamente Marina ao falar dos programas sociais voltados para os menos favorecidos e mais discriminados, como negros, mulheres e jovens, e relacioná-los aos bancos.

"Se querem tirar os pobres dos orçamentos e colocar os bancos, nós não deixaremos", disse ela.

A crítica foi uma referência ao fato de o PT dizer sempre que Marina está associada aos banqueiros, pelo fato de ter a herdeira do Itaú, Neca Setúbal, engajada em sua campanha. Além disso, ela defendeu no seu programa de governo a autonomia do Banco Central.

Como Marina, que reclama de críticas mentirosas, Dilma também disse que usam mentiras contra a sua campanha.

"Eu sei que essa eleição é muito dura. Tem gente que usa o ódio e a desinformação e a mentira, temos que responder ao ódio com a esperança e responder à mentira com a verdade", afirmou.

Dilma passa o dia na região metropolitana de Belo Horizonte, onde fez evento de campanha organizado por movimentos negros, em Nova Lima, e fará outro organizado pela juventude, no final da tarde em BH.

Em Nova Lima, Dilma foi recebida pelo grupo de congado Guarda de Caboclo do Divino Espírito Santo, da cidade Raposos, por grupo de capoeira e outros representantes de movimentos negros. A candidata do PT visitou ainda a igreja Nossa Senhora do Rosário.

Em discursos de lideranças negras ligadas ao PT e ao PC do B, os adversários foram criticados. Um dos líderes disse que a candidata do PSB, Marina Silva, não representa os movimentos negros. Nesse momento, os militantes entoaram o coro "não vai ter Marina".

AUTO DE PRISÃO

Dilma falou sobre a defesa dos projetos sociais voltados às minorias, como a criminalização da homofobia e a aprovação de lei que regulamenta a aplicação do auto de resistência.

Segundo ela, muitos jovens negros são vítimas de disparos de policiais, que alegam que atiram porque houve resistência à prisão.

Ela disse defender o direitos dessas minorias e, mais uma vez, criticou Marina por retirar do seu programa a proposta de transformar em lei o direito do casamento entre homossexuais.

Dilma ainda insinuou que Marina cedeu às pressões vindas da rede social –o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, reclamou no Twitter o apoio de Marina à proposta.

"Não dá para a gente vacilar diante de Twitter", afirmou Dilma.


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