Folha de S. Paulo


'Só idiotas' pensam que trabalho contra Marina, diz presidente do PSB

O presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, disse que "só idiotas" afirmam que ele trabalha contra o nome de Marina Silva (PSB) para disputar o Palácio do Planalto.

A declaração foi dada na manhã desta segunda-feira (18) no Recife, antes de uma reunião com a militância do PSB de Pernambuco e com Renata Campos, viúva do candidato à Presidência Eduardo Campos.

Amaral, contudo, evitou confirmar que a candidata a vice-presidente de Campos irá assumir a cabeça da chapa com a morte do pessebista.

Ele reiterou que a decisão será tomada na quarta-feira (20) após consulta à executiva do PSB e a outros cinco partidos aliados: PPS, PSL, PPL, PHS e PRP.

Conforme antecipou a Folha nesta segunda, há resistências ao nome de Marina em partidos como o PSL.

Amaral preferiu não comentar a pesquisa Datafolha que aponta Marina Silva tecnicamente empatada com Aécio Neves (PSDB) no primeiro turno (o tucano tem 20% e ela, 21%) e próxima à pontuação de Dilma Rousseff (PT) no segundo turno (a presidente aparece com 43% e a ex-senadora, com 47%).

Ao falar sobre a possibilidade de a viúva Renata Campos assumir a vaga de vice na chapa presidencial, Amaral afirmou que ela "pode ser o que ela quiser" na campanha presidencial.

"É bom para o partido, para a coligação e para o país, mas não posso dizer nada antes de conversar com Renata. Mas ela mostrou que é uma mulher que supera as dificuldades", disse o presidente do PSB.

CANDIDATA

O PSB superou as divergências internas e selou acordo para lançar Marina Silva à Presidência da República no lugar de Eduardo Campos. Ela concordou com a inversão da chapa e deverá ser anunciada oficialmente na próxima quarta-feira. Amaral prometeu a Marina que ela não precisará permanecer no partido caso seja eleita.

O PSB agora discutirá a indicação do novo vice na chapa presidencial. O deputado gaúcho Beto Albuquerque, hoje candidato ao Senado, é o mais cotado para a vaga.

Candidata à reeleição, a presidente Dilma Rousseff (PT) decretou luto oficial de três dias e afirmou que o acidente "tirou a vida de um jovem político promissor". Também presidenciável, Aécio Neves (PSDB) disse ter perdido um amigo.

Marina declarou que guardará dele a imagem de "alegria" e "sonhos". Campos morreu num 13 de agosto, mesmo dia da morte do avô, o também ex-governador Miguel Arraes (1916-2005). Campos deixa mulher, Renata Campos, e cinco filhos, o mais novo nascido em janeiro. "Não estava no script", disse Renata.

ACIDENTE

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Henrique Accioly Campos, 49, morreu na quarta (13) em acidente aéreo em Santos, litoral paulista, onde cumpriria agenda de campanha. O jato Cessna 560 XL, prefixo PR-AFA, partira do Rio e caiu em área residencial.

Dois pilotos e quatro assessores também morreram, e sete pessoas em solo ficaram feridas. Os restos mortais removidos do local do acidente chegaram na noite de quarta na unidade do IML (Instituto Médico Legal) na rua Teodoro Sampaio, no bairro Pinheiros, em São Paulo. A Aeronáutica investiga a queda.

Governador de Pernambuco por dois mandatos, ministro na gestão Lula, presidente do PSB e ex-deputado federal, Campos estava em terceiro lugar na corrida ao Planalto, com 8% no Datafolha. Conciliador, era considerado um expoente da nova geração da política.


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