Folha de S. Paulo


Empresários do Rio comemoram 'descoberta' por latino-americanos

Mesmo com o Brasil fora da final, empresários com negócios no Rio de Janeiro estão otimistas. Sede da decisão entre argentinos e alemães, a cidade está com ocupação quase total em seus hotéis para os próximos dias.

De acordo com a ABIH-RJ, associação que reúne os hotéis da cidade, 97,4% dos quartos estavam ocupados, faltando uma semana para a final no Maracanã. O índice deve ultrapassar os 98% no fim de semana.

Nem no réveillon a ocupação foi tão alta. Na virada de 2013 para 2014, 86,15% dos quartos da rede hoteleira estavam ocupados. Em Copacabana, o índice foi de 95%.

Bares e restaurantes das áreas turísticas da cidade também comemoram o que chamam de "réveillon de um mês" –a efervescência do período dura, no máximo, uma semana.

Mas o grande ganho, na avaliação de empresários ouvidos pela Folha, é o fato de a cidade ter sido descoberta por milhares de latino-americanos como destino viável para férias.

"Esse é o verdadeiro legado da Copa para o Rio. O turista latino-americano gasta menos, mas chegou em um volume nunca visto e está adorando a cidade. Isso cria um novo patamar de possibilidades", disse Pedro de Lamare, presidente do SindRio, sindicato que reúne hotéis, bares e restaurantes, e um dos sócios da rede de restaurantes Gula Gula.

Estimativa da Embratur antes da Copa previa que 400 mil turistas estrangeiros viriam para a cidade, mas o avanço das seleções latino-americanas e a chegada da Argentina à final devem aumentar esse total em ao menos 50%.

Mais tradicional hotel da cidade, o Copacabana Palace está com seus 241 quartos ocupados –140 deles por dirigentes da Fifa e convidados da entidade. Do total, 61% dos hóspedes são estrangeiros, liderados por norte-americanos e ingleses.

DESASTRE

"A Copa do Mundo em São Paulo foi um desastre econômico gigantesco. Com as férias escolares, muita gente saiu da cidade e o forte turismo de negócios parou. Ninguém veio fechar negócios nessa época", disse o empresário Rogério Fasano, sócio da rede de hotéis que leva seu sobrenome e de uma série de restaurantes estrelados nas duas cidades, como o Gero e o Fasano.

No Rio, segundo Fasano, foi diferente. Enquanto o hotel em São Paulo tinha quartos disponíveis ao longo do torneio, no Rio a ocupação foi total desde o início dos jogos. "Muitos turistas fizeram do Rio sua sede na Copa. Viajavam para ver os jogos e voltavam para o Rio", afirma o hoteleiro e restaurateur.

"Não teríamos ocupação como esta em um mês de junho", avalia Alfredo Lopes, diretor da ABIH-RJ. No final de junho, ele recebeu uma comprovação do sucesso da Copa e de seus reflexos futuros na economia da cidade. Lopes negociava há algum tempo com uma empresa de aviação um acordo para trazer agentes de viagem árabes ao Rio.

Encantados com o que viram, dirigentes da empresa o procuraram para fechar o trato. Nos próximos meses o Rio vai receber 500 agentes de viagens de países árabes que irão conhecer a cidade e, quem sabe, recomendá-la como destino de férias para seus clientes. "O gol já foi feito", disse.


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