Folha de S. Paulo


Deputado diz que PT o trata como Barbosa tratou réus do mensalão

Responsável por criar mais um embaraço à campanha de Alexandre Padilha (PT) ao governo de São Paulo, o deputado estadual petista Luiz Moura afirmou nesta terça-feira (8) à Folha que está disposto a fazer um acordo com o PT para reverter a decisão da Justiça que anulou a convenção estadual do partido que definiu os candidatos das eleições de outubro.

Moura recorreu à Justiça argumentando que não teve direito de defesa no procedimento interno do PT que decidiu suspender seus direitos partidários depois de vir a público sua suposta ligação com integrantes da facção criminosa PCC. A suspensão o impediu de se inscrever como candidato à reeleição.

Segundo o parlamentar, o PT repete o erro do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, ao condenar petistas no processo do mensalão sem dar chance de defesa.

"Quando o Joaquim Barbosa julgou nossos companheiros João Paulo, Delúbio [ Soares], José Dirceu, nós fomos radicalmente contra porque quase não tiveram direito de contraditório, de contestar", afirmou.

"Não quero prejudicar o partido em nada. Quero exercer meu direito de defesa. Fui punido sem direito do contraditório, sem o artigo que eu infringi", completou.

O juiz Fernando Camargo, do Tribunal de Justiça de São Paulo, acolheu no sábado (5) pedido do deputado estadual determinando sua reintegração aos quadros do PT e ainda anulou a convenção estadual do partido.

O PT, que ainda não foi notificado, já disse que vai recorrer da decisão e afirma que o deputado foi ouvido antes da punição, mas não convenceu o comando da sigla que decidiu pela suspensão em junho.

Moura defendeu um entendimento com o PT, afirmou que está lutando na Justiça porque se sente injustiçado e que não pode deixar de buscar a reeleição porque tem um projeto político e padaria a impressão de que cometeu algo irregular. "Estou disposto a conversar. Se quiserem, eu retiro a ação e vamos tocar a vida".

O deputado nega ligação com a facção criminosa. "Essa história é uma farsa. Já fiz diversas reuniões e nunca pedi antecedentes criminais", disse.

Segundo investigação da Polícia Civil, o deputado estadual participou em março deste ano de uma reunião na sede de uma cooperativa de transportes na qual estiveram presentes membros do PCC.


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