Folha de S. Paulo


Após ter exigência atendida, PR define apoio à Dilma

A executiva nacional do PR anunciou nesta segunda-feira (30) apoio à candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. A entrada na chapa do PT se deu após o partido ter pressionado e conseguido a troca de comando do Ministério do Transporte. A sigla contribuirá com 1 minuto e 8 segundos no tempo de propaganda política de Dilma no rádio e na televisão.

Na semana passada, a presidente trocou o ex-ministro Cesar Borges por Paulo Sérgio Passos. A mudança foi uma condicionante imposta pelo PR para garantir apoio nas eleições. A sigla reclamava que o ex-ministro não atendia aos deputados da legenda. Borges foi transferido para a Secretaria de Portos.

"A troca no Ministério dos Transportes ajudou [o PR]. O gesto do governo de afastamento [de Cesar Borges] colocando outro ministro, que também não é indicação nossa, fez com que o partido entendesse a boa vontade do governo e fizesse a opção por apoiá-la", afirmou Alfredo Nascimento, presidente do PR. "O que estabeleceu essa diferença na relação entre a base do PR no Congresso e o governo era a relação com o ministro dos Transportes", disse.

Dos 24 dirigentes, apenas o deputado Bernardo Santana (MG) votou pelo apoio à Aécio Neves, candidato do PSDB à presidência. Ele não participou da reunião realizada em um hotel de Brasília, mas enviou uma procuração com o seu voto.

Apesar de o PR ter esticado a corda com o governo, Dilma classificou a troca como uma "pequena reorganização no time que toca infraestrutura logística do governo". Na cerimônia de posse dos ministros, a presidente desconstruiu as críticas de que sacrificou uma equipe elogiada pelo setor privado para ceder a chantagens políticas e garantir tempo de TV no programa eleitoral.

A decisão sobre o apoio à Dilma ficou para o último dia porque o partido, em sua convenção nacional, decidiu delegar à executiva a definição devido ao racha interno. Parte da legenda queria embarcar na candidatura de Aécio e alguns poucos defendiam até a coligação com o PSB, de Eduardo Campos. A sigla também aproveitou o tempo extra para pressionar o governo.

Apesar de aliado, o PR deu trabalho ao governo Dilma. No início do mandato da presidente, em 2011, bancada no Senado se declarou "independente" nas votações no Congresso e no início desse ano, o partido na Câmara integrou o chamado "blocão", um grupo de partidos da base aliada que se rebelou e causou algumas derrotas ao governo na Casa.


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