Folha de S. Paulo


Pezão reafirma apoio à Dilma e diz que Santa Casa não é 'trampolim político'

Apesar de admitir apoio aos candidatos Aécio Neves (PSDB) e Pastor Everaldo Pereira (PSC), o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), reafirmou novamente que sua favorita a reeleição é a presidente Dilma Rousseff. A declaração foi dada durante cerimônia de reabertura da Santa Casa de Misericórdia, nesta sexta-feira, no centro do Rio.

Pezão afirmou que os três candidatos à presidência têm espaço em seu palanque. "Eu estou unido com as três candidaturas em prol do Rio de Janeiro para continuar a fortalecer o Estado, mas reitero o meu compromisso com a presidente Dilma. Nós tivemos sete anos e cinco meses de uma parceria extraordinária .. eu voto nela e vou trabalhar pra ela", disse.

Em discurso na Santa Casa, Pezão negou que a reabertura do hospital sirva de "trampolim político". O investimento em reformas na unidade foi a primeira aposta do peemedebista assim que assumiu o cargo de governador.

"A gente não pode deixar acontecer o que estava acontecendo. Não vou fazer da Santa Casa um trampolim político. Quero que aqui volte a ser referência no país", destacou.

Pezão já havia reafirmado que defende a reeleição da presidente Dilma nesta quinta (26) – apesar de abrir o palanque para o senador Aécio Neves. Ele atribuiu o racha no PMDB do Rio, em que boa parte defende o tucano, à recusa do PT em apoia-lo na eleição para o governo do Estado. Os petistas lançaram a candidatura do senador Lindbergh Farias (PT).

"Eu sou Dilma, não vou cuspir no prato que comemos por sete anos e cinco meses. Vou trabalhar pela presidente", disse o governador, nesta quinta, em agenda com o prefeito Eduardo Paes (PMDB).

SANTA CASA REABRE

A Santa Casa reabre com 12 ambulatórios. A previsão é que os médicos da casa atendam pelo menos 120 paciente gratuitamente por dia. As 10 enfermarias do hospital, o restaurante e a lavanderia ainda devem passar por reforma com um investimento de R$ 4 milhões da Universidade Estácio de Sá, que inicia trabalho com residentes no local, além de R$ 10 milhões da prefeitura da cidade.

"O importante é que a Santa Casa tem o seu valor que através de séculos ela vem exercendo sobretudo nesse sentido de filantropia e de qualidade de medicina, que por um motivo ou outro burocrático estava um pouco apagado. Este valor é real e alguns problemas que surgiram abalaram, mas surgem aqui como em todas as instituições. Isso não tem a dimensão que a Santa Casa ocupa", disse o cirurgião plástico Ivo Pitanguy, à Folha, após acompanhar a cerimônia de reabertura do hospital. O médico ajudou a transformar a Santa Casa em um dos centros pioneiros da cirurgia plástica no Brasil.

O hospital estava interditado desde o final do ano passado após inspeção feita pela Vigilância Sanitária Estadual. Na ocasião, técnicos constataram diversas irregularidades. As enfermarias, consultórios, sala de cirurgia, de esterilização e demais dependências foram consideradas insalubres.

Semanas antes da interdição, funcionários da Santa Casa foram flagrados vendendo sepulturas construídas sem autorização da prefeitura. A denúncia foi feita pelo Fantástico, da TV Globo. A fraude envolvia a ocupação de túmulos supostamente abandonados, construção de jazigos irregulares, falsificação de documentos e sonegação fiscal.

Os problemas foram identificados nos cemitérios São João Batista, em Botafogo, zona sul; Cacuia, na Ilha do Governador; e São Francisco Xavier, no Caju, zona norte. O provedor da Santa Casa, Dahas Zarur, foi acusado pelo programa de desviar dinheiro da venda de imóveis da entidade e participar da falsificação de documentos.

Zarur confirmou a venda irregular de jazigos e roubos praticados por funcionários, mas negou participação no caso. Depois, ele foi afastado da administração.


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