Folha de S. Paulo


Dilma dá posse a ministros e insiste que a escolha é 'técnica'

Em cerimônia breve e sem a presença de lideranças do PR no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff deu posse nesta quinta-feira (26) a César Borges na Secretaria de Portos, e Paulo Sérgio Passos, no Ministério dos Transportes.

A troca se dá depois de o PR, um dos mais antigos aliados do governo, ter pressionado pela saída de Borges. A sigla alegava que o ministro não representava os interesses partidários.

Dilma classificou a troca como uma "pequena reorganização no time que toca a infraestrutura logística do governo" e buscou, ao longo de um discurso de pouco mais de 12 minutos, desconstruir as críticas de que sacrificou uma equipe elogiada pelo setor privado para ceder a chantagens políticas e garantir tempo de TV no programa eleitoral. Sua fala foi eminentemente técnica, sem qualquer menção a questões políticas, nem de forma indireta.

A presidente afirmou que os três –inclusive Antônio Henrique da Silveira, que será secretário executivo de Portos– "são a linha de frente do meu governo" na área de logística. Também disse que os três são "técnicos altamente competentes". "Altero a equipe e passo a aproveitar ainda mais a competência de três servidores públicos exemplares", continuou.

"Uma solenidade de posse geralmente ela cria interrogações. Ninguém na verdade está deixando o governo. Eu conheço por longo tempo de trabalho todos os ministros que estão aqui presentes", disse.

Beto Barata/Folhapress
Dilma conversa com César Borges durante cerimônia no Palácio do Planalto
Dilma conversa com César Borges durante cerimônia no Palácio do Planalto

A posse foi na sala de audiências do Palácio do Planalto –espaço reduzido, normalmente reservado para pequenas reuniões; e não eventos. Cheio, o espaço estava ocupado sobretudo por funcionários, familiares dos empossados e ministros.

A cerimônia, marcada pelo constrangimento de efetuar uma troca a poucos meses da eleição, teve apenas um momento de descontração: Dilma lembrou da carreira de cantora da mulher do ministro dos Transportes, Rosa Passos. O novo ministro, inclusive, passará pelo governo pela terceira vez, depois de ter sido rifado em situação semelhante, de pressão partidária, em 2011, e de ter chefiado a pasta durante o governo Lula.

A TROCA

Dilma tirou César Borges (PR-BA) dos Transportes depois de passar os últimos meses afirmando que não mexeria no ministro por considerá-lo um excelente auxiliar.

A saída do ministro foi considerada um "retrocesso" pelo setor privado, diante da avaliação de que ele arrumou a casa e colocou as concessões para andar. Como prêmio de consolação, Borges foi transferido para a Secretaria de Portos, comandada por Antônio Henrique Silveira, técnico elogiado pela própria chefe e que foi deslocado para a secretaria-executiva.

Paulo Sérgio Passos, que antecedeu Borges nos Transportes por cobrança do próprio PR, retoma o cargo ministerial por ser visto pela própria sigla como um partidário "menos pior" que o sucessor no quesito "atendimento à base parlamentar".


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