Folha de S. Paulo


Paes chama de "bacanal" possível acordo entre PMDB e PSDB no Rio

Contrário a uma eventual aliança do PMDB do Rio com o PSDB, que deve ser confirmada na segunda-feira, o prefeito da capital, Eduardo Paes (PMDB), disse, em nota, que tal situação representa "um bacanal eleitoral, e o Rio não pode ser vítima dele".

Sem mencionar o acordo que está praticamente selado, Paes disse que continua a defender a aliança da presidente Dilma Rousseff e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o alinhamento entre os governos federal, estadual e municipal.

"O conjunto de avanços que o Rio e a população vêm colhendo nos últimos anos é resultado de uma soma de forças políticas que têm trabalhado de maneira coerente [...] Em razão dessa mesma coerência, e para que o Rio de Janeiro não corra o risco de voltar a ser um campo de batalha onde o maior prejudicado é o cidadão, eu continuo defendendo a chapa Dilma, Pezão e Dornelles [Francisco, atual senador pelo PP]. Depois da suruba, o que se vê agora é o bacanal eleitoral, e o Rio não pode ser vítima dele", disse, em nota distribuída pela assessoria do prefeito.

O "bacanal" citado pelo prefeito faz coro a uma declaração do deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ), que classificou como uma "suruba" o apoio de seu partido a Lindbergh Farias (PT) na disputa pelo governo do Estado. Sirkis é um dos principais aliados de Marina Silva e se opunha à aliança, pela qual o PT cedeu a vaga ao senado ao deputado federal Romário (PSB-RJ).

Ricardo Cassiano/Prefeitura RJ
O prefeito Eduardo Paes participa do evento de assinatura do contrato de concessão do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim
Prefeito Eduardo Paes no evento de assinatura do contrato de concessão do Aeroporto do Galeão

Ao defender a manutenção do apoio ao PT, Paes disse que, desde 2009, "as brigas políticas que nada tinham a ver com o interesse do Rio de Janeiro e dos cariocas foram substituídas por uma aliança capaz de trazer muitas conquistas para a cidade".

"A parceria entre nós, da prefeitura, o presidente Lula e o [ex] governador [Sérgio] Cabral, e agora a presidente Dilma e o governador Pezão, tem permitido tirar do papel projetos há décadas prometidos e inviabilizados justamente pelos constantes desentendimentos entre governantes anteriores", afirmou o prefeito.

A posição de Paes, porém, é minoritária no partido. O PMDB do Rio deverá convidar o vereador e ex-prefeito da capital Cesar Maia (DEM) para compor a chapa do governador do Estado e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB).

Maia é pré-candidato ao governo do Estado mas, se aceitar o acordo, deverá disputar o Senado no lugar do ex-governador e ex-senador Sérgio Cabral (PMDB). A convenção do DEM está marcada para quarta-feira (25).

O PMDB estadual convocou a imprensa para uma entrevista coletiva em que anunciará "fato de grande relevância para a política do estado às vésperas das eleições" na segunda-feira (23), mas não adianta o teor do encontro.

A reviravolta no quadro político do Rio dependeria apenas de uma reunião final entre Maia e o senador e candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB), fiador da aproximação. O encontro, segundo o líder do DEM, ocorreria ainda na noite deste domingo.

Quem mais perderia com essa união é a presidente Dilma Rousseff (PT). Ela formalmente tem o PMDB em sua base, mas um movimento político articulado pelo presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani, esvaziou o apoio: em 5 de junho, ele reuniu mais de mil correligionários do PMDB e de outros partidos em uma churrascaria da Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, em um almoço de apoio a Aécio —pregando abertamente o 'Aezão', que seria a campanha combinada para Aécio e Pezão.

Firmado o acordo, é possível que o PSDB do Rio —e o PPS— engrossem a chapa de Pezão e deem a ele mais tempo de TV. Neste caso, apenas o governador Pezão e outros poucos líderes seguiriam a orientação nacional do PMDB, que definiu apoio a Dilma na reeleição.

Assim, Dilma ficaria apenas com o palanque de Lindbergh Farias (PT), que concorre ao governo do Estado. Mas ela terá de dividir também este espaço com o adversário Eduardo Campos (PSB), uma vez que que o Romário disputará o Senado na chapa de Lindbergh.

A análise do PMDB carioca é que, após aceitar a aliança do PT com o PSB no Rio, a Direção Nacional petista não poderá se queixar de uma chapa com dois candidatos a presidente.


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