Folha de S. Paulo


No Rio, diária para final é até duas vezes mais cara do que no Carnaval

A diária para assistir a final da Copa do Mundo no Rio de Janeiro pode custar até duas vezes mais do que a hospedagem em um dia de Carnaval.

Em Copacabana, o valor médio para a noite do jogo é até 198% mais alto do que o cobrado durante a festa.

A pesquisa foi feita em maio pelo Trivago, site que compara diárias em mais de 40 países, e envolveu 600 hotéis do Rio e de São Paulo. Os dados se referem a quartos para duas pessoas.

Outro bairro fluminense que apresentou alta foi Botafogo, com preços 187% mais altos na final do torneio.

Já na Glória, Lapa e Centro, os aumentos foram de 51% a 66%. Ipanema apresentou queda de 11% –profissionais do setor ouvidos pela reportagem não conseguiram explicar o porquê da queda.

LOCALIZAÇÃO

Para o presidente da consultoria especializada BSH, José Marino, a localização é um ponto crucial na variação dos preços.

Copacabana, por exemplo, é referência para os turistas e, segundo a Abih (associação do setor), concentra 55% dos empreendimentos hoteleiros da cidade.

A associação estima que quase todos os hotéis da orla do bairro foram reservados pela Match, operadora de turismo oficial da Fifa.

Editoria de Arte/Folhapress

"É a lei da oferta e procura. Com menos quartos disponíveis, os preços sobem. A taxa de ocupação do Rio é uma das maiores do país."

Marino diz que a alta das diárias em Botafogo se explica por sua proximidade do Maracanã e da praia, facilitando a vida do turista.

Lugares como Lapa e Centro concentram empreendimentos de padrão médio, procurados pela grande maioria dos torcedores, segundo o presidente da BSH. Assim, com poucos leitos disponíveis, os empresários estipulam valores mais elevados.

ABUSO

O presidente da Abih do Rio, Alfredo Lopes, diz que as maiores altas identificadas na pesquisa são exceções no setor hoteleiro da cidade.

De acordo com ele, o aumento médio na comparação entre as duas datas é de 20%.

Lopes afirma que mais de 90% dos quartos foram reservados e vendidos pela Match e não estão livres. A projeção da Abih é que 98% deles estejam ocupados no dia da final.

"Depois da Match, só sobrou 10% e boa parte desses leitos também foram reservados. Há pontos fora da curva, empreendimentos familiares, de porte médio, que podem estar aproveitando o momento para colocar os preços lá em cima."

No começo do ano, em reunião com a Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor do Ministério da Justiça), a rede hoteleira da cidade se comprometeu a exibir em seus sites as tarifas cobradas no torneio, junto aos preços praticados nos últimos Reveillon e Carnaval. A medida tinha como objetivo evitar preços abusivos.

A determinação, no entanto, não é seguida por todos os hotéis.

"Temos eventos internacionais todos os anos, sabemos que o turista não gosta de se sentir explorado. Ele não volta depois disso", diz.

SÃO PAULO

Em São Paulo, o bairro Ibirapuera apresentou o maior crescimento na comparação entre as diárias médias de Copa e Carnaval: 103%. Em seguida está Sé (78%).

Para o presidente da Abih de São Paulo, Bruno Omori, as altas durante o torneio são previsíveis.

Isso porque no Carnaval e em outros feriados na capital paulista, os hotéis registram baixa ocupação, provocando a queda dos preços.

"O mais forte de São Paulo é o segmento corporativo. Nos feriados, temos 30% dos quartos ocupados", diz.

Omori explica que o Carnaval paulistano ainda é muito voltado para os moradores da cidade e, portanto, há poucos turistas.

Na Copa, com os olhos do mundo voltamos para o jogos que acontecem na Arena Corinthians, a cidade recebe um número maior de turistas brasileiros e estrangeiros.


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