Folha de S. Paulo


Secretário demite 61 por manterem greve no metrô em SP

O secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, confirmou que funcionários do metrô estão sendo demitidos por conta da greve. De acordo com ele, os funcionários estão sendo demitidos por justa causa.

A Folha apurou que 42 pessoas já receberam a notificação de demissão nesta manhã. Outras 19 estão para receber o comunicado ao longo do dia.

No período da tarde, segundo o secretário, devem ser notificados aqueles que faltaram ao trabalho nesta segunda-feira. "Aqueles que não voltam ao trabalho em uma situação de greve inexistente, ilegal e abusiva, já estão incorrendo em uma falta gravíssima e será penalizado com demissão de justa causa", afirmou.

De acordo com Fernandes, os metroviários que não voltarem nesta segunda-feira ao trabalho poderão apresentar uma justificativa, que vale desde morte de parente e doença de filhos até atestado médico. "Os que não fizerem isso serão demitidos", disse Fernandes.

Segundo o secretário, alguns trabalhadores já se conscientizaram e retornam às suas funções. Fernandes afirmou que de 1.198 trabalhadores em greve, 324 voltaram ao trabalho. Desses, cerca de 20 são operadores de trem. "Ainda são poucos os operadores, mas assim que decidirem voltar, eles voltam em bolo porque eles são unidos e têm poucos empregos para eles", disse o secretário.

"A greve deve acabar ainda esta noite", disse Fernandes.

Altino Prazeres, presidente do sindicato dos metroviários, rechaçou a atitude do governo. "Acho que o governo está indo para um campo que aumenta o problema. O governo está com a síndrome do bombeiro louco. Ele joga gasolina para aumentar o fogo", disse.

Ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB) já havia anunciado a possibilidade de demissão para aqueles que faltarem. "Quero deixar claro que quem não for trabalhar incorre em possibilidade de demissão por justa causa, porque a greve é abusiva", afirmou.

Em 2007, três dias após o fim de uma greve no metrô de São Paulo ter sido julgada abusiva pelo TRT (Tribunal Regional do Trabalho), o governo José Serra (PSDB) anunciou a demissão de 61 funcionários da companhia. Os demitidos teriam aderido ao protesto.

CONFUSÃO

Pela manhã, um grupo de grevistas que estava dentro da estação Ana Rosa do metrô foi detido pela Polícia Militar. No total, 13 pessoas foram encaminhadas para o 36º DP (Vila Mariana).

De acordo com o major Robson Cabanas, um portão foi estourado e um grupo, que estava retido pela PM no local, saiu. "Estão sendo conduzidos para o DP. Um portão foi estourado o cadeado, essa pessoas estavam no grupo com mais de 60 pessoas dentro da estação", disse.

Por volta das 5h, cerca de 50 pessoas impediram o trânsito no sentido bairro da rua Vergueiro em frente a estação Ana Rosa – a estação faz a ligação entre as linhas 1-azul e 2-verde do metrô. Eles queimaram pedaços de madeira e outros objetos para fechar a rua.

A Tropa de Choque liberou a via com bombas, por volta das 6h30. Houve correria em meio ao congestionamento que se formou na rua Vergueiro.

A GREVE

Apesar de decisão da Justiça considerando a greve abusiva, os metroviários de SP decidiram em assembleia neste domingo (8) continuar a greve iniciada na quinta-feira (5).

Editoria de Arte/Folhapress

Segundo o Metrô, a linha 1-azul funciona estações Paraíso e Luz. Pela linha 2-verde, os trens circulam entre Ana Rosa e Vila Madalena.

A linha linha 3-vermelha funciona entre Penha e Santa Cecília. A linha 5-lilás opera sem restrições. A linha 4-amarela, operada pela iniciativa privada, também funciona normalmente.

Neste domingo, os desembargadores do Tribunal Regional do Trabalho também determinaram que o reajuste salarial dos trabalhadores deverá ser de 8,7%, índice oferecido pelo Metrô. Os metroviários pediam 12,2%.

O TRT determinou ainda uma multa de R$ 500 mil para cada novo dia parado, e de R$ 100 mil para os quatro dias anteriores ao julgamento.


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