Folha de S. Paulo


Prefeitura de Guarulhos demite servidora que criou 'Aécio Boladasso'

A prefeitura de Guarulhos demitiu nesta terça-feira (27) a servidora Nataly Galdino Diniz, que participou da criação de páginas em redes sociais com ofensas ao pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG).

A exoneração aconteceu após a Folha ter revelado que equipamentos e servidores do município, que é governado há 14 anos pelo PT, foram usados para criar perfis falsos que associavam Aécio a hábitos como o consumo de álcool. Só na Secretaria de Comunicação de Guarulhos as páginas contra o tucano foram administradas 81 vezes em 20 dias.

A identificação de Nataly foi possível após Aécio processar 27 empresas que prestam serviços relacionados à internet para descobrir quem estava por trás do perfil "Aécio Boladasso". Uma liminar da Justiça de São Paulo obrigou as empresas a entregar os dados de clientes vinculados ao caso.

Nataly administrou a página de uma rede registrada com o número de seu telefone celular. Já os acessos da Secretaria de Comunicação foram feitos por meio de um servidor em nome de uma empresa de publicidade que prestava serviços ao município, a PG Comunicação.

A servidora trabalhava na Secretaria de Governo de Guarulhos. Além disso, tem vínculos pessoais com petistas. Nataly é nora do líder do governo na Câmara Municipal, Samuel Vasconcelos (PT). Ela é casada com o filho do vereador, Tiago Albuquerque, que também prestou serviços à Prefeitura e trabalhou na campanha do atual prefeito, Sebastião Almeida.

Na campanha, Tiago, que é formado em marketing, coordenava a comunicação nas redes sociais.

O vereador Almeida falou sobre o caso, nesta terça, na tribuna da Câmara. Ele isentou o filho de responsabilidades e disse que sua nora havia "acessado" a página de um tablet. Procurado pela Folha, no entanto, reconheceu que Nataly usou o sistema da prefeitura para manipular os perfis falsos de Aécio.

"Ela usou a rede de wi-fi. Afinal, foi demitida", disse. Ele negou saber que a nora tinha vinculações com as páginas contra o senador. A assessoria de imprensa da prefeitura disse, procurada antes da publicação da reportagem, que Nataly não falaria sobre o caso.

INVESTIGAÇÃO

O líder do PSDB na Assembleia Legislativa, deputado Cauê Macris, vai pedir ao Ministério Público e à Polícia Civil que investiguem o caso. Ele acredita que, além de crime eleitoral, pode ter havido uso de dinheiro público para bancar a campanha contra Aécio nas redes sociais.

A direção nacional do partido já decidiu acionar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).


Endereço da página:

Links no texto: