Folha de S. Paulo


Hotéis de SP devem perder R$ 180 mi com baixa ocupação na Copa

Com a baixa ocupação dos hotéis de São Paulo durante o período da Copa do Mundo, o setor deve perder uma receita de ao menos R$ 180 milhões somente com aluguel de quartos.

O cálculo foi feito pela BSH, uma das principais consultorias especializadas em hotelaria do país, e considera os hotéis da Grande São Paulo.

Levantamento do FOHB (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) divulgado nesta terça-feira no Rio mostra que somente 55% das 560 mil diárias de hotéis para o evento esportivo estão vendidas.

São Paulo está na última posição do ranking de ocupação por ter uma maior oferta de quartos das 12 cidades-sede da Copa, segundo informam representantes do fórum. O índice de ocupação de SP é de 31%.

Para estimar o prejuízo na hoteleira paulista, o presidente da BSH, José Ernesto Marino, considerou cálculo de 60 mil quartos ofertados na Grande São Paulo, com valor médio da diária de R$ 280.

"Até a Copa, o índice de ocupação deve chegar a 35% [hoje é de 31%], ou seja, metade do que o setor previa. Com isso, o faturamento esperado, de R$ 360 milhões, somente com aluguel de quartos, deve cair pela metade", afirma.

As perdas podem ser ainda maiores, segundo diz o consultor, se computados os gastos com alimentação e outros serviços que os hóspedes consomem quando se hospedam em hotéis.

Editoria de Arte/Folhapress

Para Marino, o baixo índice de ocupação se deve principalmente a dois motivos. "Houve uma premissa equivocada da Fifa, que esperava uma 'chuva' de turistas, e o governo e os hotéis compraram essa ideia. E também houve antecipação, cancelamento ou adiamento de eventos de negócios que tradicionalmente ocorrem nessa época."

A avaliação é confirmada pela SPTuris: "O turismo de negócios deve sofrer uma diminuição no período, mas será recuperada após o evento". A perda de receita no setor deve ser maior entre os hotéis independentes e nos mais populares, localizados em regiões menos nobre da capital, segundo especialistas desse setor.

"Com a imagem de que o Brasil é um país inseguro, quem tem dinheiro prefere não se arriscar. Opta pelos melhores hotéis em regiões mais seguras", diz Marino.

Hotéis como Fasano, Unique, Tivoli e Renaissance estão com taxas de ocupação de 100% ou quase para o período da Copa, segundo a Folha apurou. Outro fator que pode ter contribuído para colocar São Paulo no último lugar do ranking foi ainda a questão dos preços.

"Quem mora fora das cidades-sede pode ter optado em comprar uma passagem aérea para outra cidade. Assistir o jogo e voltar para sua cidade de origem é uma opção", diz o consultor.

Ele também ressalta que dois terços dos que assistirão os jogos são brasileiros. "Em vez de ficar brigando com a rede de hotelaria do país [sobre a questão de preços], a Embratur deveria ficar preocupada em 'vender' melhor o evento ao mundo", diz.

A Folha não localizou os representantes da Embratur na noite desta terça-feira (20) para comentar a declaração.


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