Folha de S. Paulo


Transposição do São Francisco atrasou porque obra foi subestimada, diz Dilma

A transposição das águas do rio São Francisco está atrasada porque a complexidade da obra foi "subestimada", afirmou a presidente Dilma Rousseff nesta terça-feira (13).

Dilma visitou hoje canteiros da obra em cidades de três Estados: Paraíba, Ceará e Pernambuco. Em entrevista em Jati (CE), justificou a demora na conclusão –eixos que estavam previstos para 2010 (leste) e 2012 (norte) agora deverão ficar para dezembro de 2015.

"A obra foi subestimada. A complexidade é enorme, e vai dar, por exemplo, 1.100 km de rios perenes ao longo do Nordeste. Não estou negando a existência dos atrasos. Mas, pela complexidade do projeto, posso afirmar que nenhum outro país conseguiria terminar esta obra em um, dois ou três anos", disse.

Segundo Dilma, quando a obra foi iniciada, ainda no governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), faltava experiência para tocá-la –o que, segundo ela, já foi resolvido.

"Fomos aprendendo durante o processo. Os projetos melhoraram de qualidade e tivemos que refazê-los. As negociações também avançaram onde tinham que avançar e as empresas hoje são mais capacitadas. Começamos inexperientes, mas superamos isso", disse.

A presidente ainda afirmou que outros países, mesmo desenvolvidos, não realizariam uma obra como a transposição em prazo curto.

Estima-se hoje que a transposição do rio São Francisco custe R$ 8,2 bilhões, um avanço de R$ 3,6 bilhões em relação ao projeto inicial, de 2007.

As obras ficaram paradas por meses e só começaram a retomar o ritmo no final de 2013. Projetos básicos e imprecisos motivaram a realização de novas licitações e a renegociação de contratos, e parte das empreiteiras responsáveis interrompeu os serviços.

DISCURSO DE CAMPANHA

Na visita dessa terça-feira pelos canteiros da transposição, Dilma também mostrou como deverá defender a obra na campanha eleitoral –o tema já é explorado pela oposição como prova da suposta incapacidade gerencial da gestão.

A presidente fez menção à crise de abastecimento em São Paulo e lançou críticas indiretas ao governo do tucano Geraldo Alckmin.

"Vejam vocês que o Brasil está passando por um período de estiagem e hoje, no Sudeste, nos Estados mais ricos da Federação, especialmente em São Paulo, estamos enfrentando uma seca de todas as proporções. Mas lá não tem uma obra dessa proporção para garantir a segurança hídrica", disse.


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