Folha de S. Paulo


Pré-candidato tucano em Minas, Pimenta da Veiga será indiciado

Pré-candidato do PSDB ao governo de Minas, o ex-ministro Pimenta da Veiga vai ser indiciado pela Polícia Federal sob a acusação de lavagem de dinheiro.

A PF investiga o recebimento de R$ 300 mil, em 2003, das agências do empresário Marcos Valério de Souza, condenado no mensalão do PT. Pimenta nega a suspeita de lavagem de dinheiro e diz que os R$ 300 mil –recebidos em quatro parcelas de R$ 75 mil de Valério– se referem a serviços prestados de advocacia e foram declarados no seu Imposto de Renda.

Pimenta alega ainda que, se a origem do dinheiro que ele recebeu é tida como ilícita, como prestador de serviços, ele não poderia ser responsabilizado por isso.

Tecnicamente, o indiciamento ocorrerá quando chegar de Brasília a carta precatória pela qual o tucano prestou o seu depoimento há 11 dias. A Folha apurou que a PF já tem elementos suficientes na investigação para considerá-lo indiciado. Oficialmente a corporação não se pronuncia.

Eduardo Knapp-09.ago.2001/Folhapress
O ex-ministro Pimenta da Veiga vai ser indiciado pela PF sob a acusação de lavagem de dinheiro
O ex-ministro Pimenta da Veiga vai ser indiciado pela PF sob a acusação de lavagem de dinheiro

MENSALÃO TUCANO

A PF abriu essa investigação a partir de uma solicitação de 2007 da Procuradoria-Geral da República, que pediu investigações complementares sobre o chamado mensalão tucano, ocorrido em 1998.

Na ocasião, o procurador-geral Antonio Fernando de Souza pediu para "apurar as condutas, sob os aspectos cível e penal, dos comprovados beneficiários dos recursos distribuídos mediante a utilização do procedimento adotado por Marcos Valério e seu grupo".

Os recursos recebidos por Pimenta, contudo, foram repassados para a conta-corrente dele no Banco do Brasil em 2003, cinco anos após o ocorrido no mensalão tucano.

A denúncia do mensalão tucano diz ter ocorrido desvio de recursos públicos para a fracassada tentativa de reeleição do então governador Eduardo Azeredo, que renunciou recentemente ao mandato de deputado federal e, com isso, responderá ao processo na Justiça em Minas, com possibilidades de mais recursos. Azeredo nega as irregularidades.

Os pagamentos feitos por Valério no mensalão tucano, em 1998, bem como os feitos a Pimenta, em 2003, foram descobertos em 2005, no auge das investigações da PF e da CPI no Congresso sobre o mensalão do PT.

Como foram vasculhadas as contabilidades das agências SMPB e DNA, tudo veio à tona junto. Ou seja, pagamentos de épocas diferentes passaram a ser investigados. Pimenta diz que os fatos de já ter prestado informações sobre esses R$ 300 mil em 2005 à CPI e à PF e o assunto vir à tona novamente demonstram "motivação político-eleitoral".

"É lamentável que, justamente quando me transformo em pré-candidato ao governo do Estado, sem que haja nenhum fato novo, dados que já são há muito de conhecimento público sejam artificialmente relembrados, numa clara demonstração da motivação político-eleitoral de meus adversários", disse ele.


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