O governo de Pernambuco, comandado pelo presidenciável Eduardo Campos (PSB), paralisou nesta semana uma obra de mobilidade no Recife e responsabilizou o governo federal pela medida.
Campos e a presidente Dilma (PT) serão adversários na eleição ao Palácio Planalto.
Segundo o Estado, as obras para permitir a navegabilidade no rio Capibaribe vinham em ritmo lento desde o início do mês e foram interrompidas agora porque o Ministério das Cidades não depositou R$ 46 milhões, que deveriam ter chegado em janeiro.
O caso esquentou o clima de campanha eleitoral.
"Ficamos na dúvida [se o governo federal segurou o dinheiro] para garantir o superávit fiscal, se foi essa questão da velha política, retaliação, ou uma questão gerencial", disse o ex-petista Isaltino Nascimento, agora no PSB de Campos.
Em defesa do governo federal, parlamentares petistas ouvidos pela Folha disseram que o governo Campos tenta politizar o assunto, que, para eles, foi "no máximo" um problema administrativo.
Desde o ano passado, quando se afastaram, Dilma e Campos têm trocado alfinetadas por causa da paternidade de obras no Estado, como um estaleiro, uma refinaria e a atração de uma montadora de automóveis.
De acordo com a Secretaria Estadual das Cidades, o projeto de navegabilidade do rio Capibaribe é uma obra do Programa Estadual de Mobilidade. Orçada em R$ 190 milhões, é executada com recursos do PAC da Mobilidade (R$ 165 milhões) e contrapartida do Estado (R$ 25 milhões).
A obra prevê 13,5 km de corredor fluvial com embarcações para transporte de massa e sete estações de embarque e desembarque.
Desde abril passado, o governo do Estado diz ter dragado 80% do volume programado. Os primeiros testes de navegabilidade estão previstos para o fim deste ano.
O projeto é citado por Campos como uma das principais obras de mobilidade que está executando no governo.
O governo de PE informou que, somente nesta quarta-feira, após a paralisação completa da obra, o governo federal se comprometeu a liberar os recursos, até sexta-feira (14).
Segundo comunicado do Estado, Campos conversou com o ministro Aguinaldo Ribeiro (Cidades), e o secretário de Pernambuco Danilo Cabral (Cidades) foi a Brasília negociar a verba federal.
O Ministério das Cidades nega que tenha havido atraso e informou que nesta semana, após medições necessárias, repassou R$ 30 milhões à Caixa Econômica Federal. Segundo a pasta, os recursos demoram "pelo menos dois dias" para serem disponibilizados.