Folha de S. Paulo


Em carta a Gilmar Mendes, Suplicy diz que doações a condenados são legais

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) encaminhou nesta quarta-feira (5) uma carta ao ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), em defesa das doações recebidas por petistas condenados no mensalão. Suplicy diz, na carta, que as doações foram identificadas e serão detalhadas no Imposto de Renda de cada um dos doadores –por isso não podem ser consideradas ilegais.

O petista classifica de "precoces e inconvenientes" as declarações de Mendes de que há suspeita de doações ilícitas. "Eu próprio, senhor ministro, fui um dos doadores e procurei adotar a conduta inteiramente legal, a exemplo do que declarou o ministro Nelson Jobim, ex-presidente do STF, que teve a iniciativa de externar a doação que fez ao deputado José Genoino", diz na carta.

"Tenho a convicção que os mais de 3.500 doadores fizeram suas doações de acordo com os procedimentos legais", completou o senador.

O senador diz que a legislação foi "rigorosamente observada" e documentos vão comprovar "de forma inequívoca" que as doações são legais.

"As aludidas campanhas de arrecadação foram organizadas por familiares dos condenados e por militantes e apoiadores dos mais diversos. Não houve, pois, envolvimento direto ou indireto de nenhuma instância do Partido dos Trabalhadores", afirma Suplicy na carta.

INVESTIGAÇÃO

O Ministério Público está investigando as doações recebidas por petistas para pagar as multas impostas no processo do mensalão.

Na terça-feira, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes cobrou investigações do Ministério Público sobre as doações.

De acordo com o ministro, pode estar havendo lavagem de dinheiro no sistema de arrecadação. "Será que esse dinheiro que está voltando é de fato de militantes? Ou estão distribuindo dinheiro para fazer esse tipo de doação? Será que não há um processo de lavagem de dinheiro aqui? São coisas que nós precisamos examinar", disse.

Até agora, as doações foram feitas para o ex-presidente do PT José Genoino e para o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares. Juntos, eles receberam cerca de R$ 1,7 milhão para quitar multas que somam R$ 1,1 milhão.

O dinheiro que sobrou será doado para o ex-ministro José Dirceu, que terá de pagar multa de R$ 971 mil, relativa à sua condenação por corrupção no mensalão.


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