Folha de S. Paulo


Dlima foi 'mais política' em 2013 do que Lula e FHC, diz líder do PT na Câmara

No balanço de encerramento dos trabalhos da Câmara, o líder do PT, José Guimarães (CE), afirmou nesta quarta-feira (18) que, após os protestos de junho, a presidente Dilma Rousseff assumiu a coordenação política do governo com o Congresso e se revelou "mais política" do que seus antecessores Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso.

Ele afirmou ainda que as principais dificuldades foram com o PMDB, principal aliado do governo federal. Segundo Guimarães, a base governista está "recauchutada" devido a nova postura de Dilma com reuniões semanais com aliados para discutir os rumos do país.

"Ela foi mais política do que todos os ex-presidentes juntos nesse segundo semestre. Nem o FHC muito menos o Lula que tinha uma relação privilegiada com o Congresso. Deu um tom refinado na relação com o Congresso", disparou Guimarães, que assumiu a vice-presidência do PT na semana passada.

Ele negou que a liberação de recursos para as obras apadrinhadas por congressistas, as chamadas emendas parlamentares, tenham influenciado nessa nova composição. Ontem, o Planalto chegou a prometer o pagamento de um bônus de R$ 2 milhões para obras de congressistas influentes para garantir a aprovação do Orçamento de 2014.

"Não é só por conta de emendas que se aprovou o orçamento. Tem aspecto político que é muito relevante", disse.

Conhecida por ser avessa à política, Dilma, depois das manifestações de junho que sacudiram as ruas do país e com risco de enfrentar derrotas no Congresso, passou a se reunir com líderes governistas e discutir uma agenda comum.

Segundo o líder petista, esse entendimento foi patrocinado pela bancada do PT. Ele reconheceu que as principais dificuldades foram nos encaminhamentos com o PMDB, principal aliado do governo, protagonizando momentos de arranhão e tensão. "É natural, são as duas maiores bancadas da Casa. Tiveram momentos de tensão, mas chegamos afinados no fim do ano."

Após o Supremo Tribunal Federal determinar o início das prisões do mensalão, inclusive de ex-integrantes da cúpula do PT pelos crimes no esquema de corrupção, o ex-deputado José Genoino (PT-SP), renunciou para evitar um processo de cassação. O PT prometeu uma reação ao PMDB, em especial ao presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), mas acabou recuando.

Irmão de Genoino, Guimarães adotou hoje um tom conciliador. "É preciso entender que cada um tem seu papel na Casa. Algumas cicatrizes ficam".

Para o líder, a principal vitória do governo no Congresso foi a aprovação do novo marco do setor de portos e a derrota foi a ausência de uma reforma política. Em resposta às manifestações, Dilma propôs uma Assembleia Constituinte exclusiva e depois um plebiscito para a reforma política, mas os próprios aliados derrubaram as propostas.

"O Congresso ficou devendo uma reposta".

Guimarães fica na liderança até 3 de fevereiro. O deputado Vicentinho (PT-SP) é um dos nomes na disputa pelo posto.


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