Folha de S. Paulo


Aécio diz não temer ataques nas eleições de 2014

Diante de um auditório lotado na Câmara dos Deputados, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), provável candidato da sigla à Presidência da República, afirmou que não tem medo de "ataques" que possa sofrer.

"Para nós, a cada ataque mais violento e covarde que nos façam, nós vamos olhar para frente e dizer que a nossa responsabilidade é com o Brasil e com os brasileiros." No último congresso nacional do PT, militantes vincularam os tucanos com a apreensão de quase meia tonelada de cocaína que era transportada por um helicóptero da família do senador Zezé Perrella (PDT-MG), aliado de Aécio.

O senador do PSDB apresentou nesta terça-feira (17) um conjunto de 12 propostas que irão balizar a atuação da legenda nas eleições de 2014.

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Citando nominalmente o PT, o senador afirmou que a legenda já foi respeitada pela oposição, mas hoje abdicou de um "projeto transformador de país para se contentar em ter um projeto exclusivamente de poder".

Ele acusou os petistas de tentarem dividir o país em dois momentos. "Não há nada mais pernicioso, mais nefasto, mais perverso com a população do que esta tentativa dos inquilinos do poder de querer permanentemente dividir o Brasil entre nós e eles. Isso não é digno", disse.

Aécio também afirmou que está preparado para o debate no ano que vem e fortaleceu a ideia de que seu partido é a "mudança de verdade" para o país.

"Nós encarnaremos a mudança de verdade que o Brasil precisa. Ética e política não devem ser divorciadas como estão na mente de tantos brasileiros. Elas devem caminhar como irmãs siamesas, uma a orientar a outra", afirmou Aécio, também presidente nacional do PSDB.

CRÍTICAS À ECONOMIA

Em tom de campanha eleitoral, o senador concentrou seu discurso em comparações entre os dez anos de governo do PT com os governos anteriores comandados pelo PSDB e defendeu uma reconciliação do país com o passado, lembrando principalmente dos anos de governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a quem chamou de "maior estadista vivo" do Brasil.

"Não podemos assistir passivamente à tentativa de alguns de reescrever a história ou de tentar convencer os mais jovens de que o Brasil foi descoberto em 2013. [...] O PSDB não se apresenta para uma disputa presidencial que se avizinha como apenas um gesto de responsabilidade para com a história do partido. É muito mais que isso. Estamos aqui hoje apresentando um conjunto de ideias para o Brasil porque temos responsabilidade", afirmou.

O senador criticou a política econômica do governo Dilma e a falta de planejamento e gestão dos investimentos públicos. Para ele, o Executivo criou uma "contabilidade criativa" que tem envergonhado o país.

"Nós criamos a responsabilidade fiscal com a oposição ferrenha de nossos adversários. Eles criaram a contabilidade criativa que tem desmoralizado o Brasil interna e externamente que fez com que o nível de investimentos tenha caído. [...] Portanto, do ponto de vista econômico, nós colocamos em risco hoje as conquistas de mais de uma década atrás", afirmou.

Aécio afirmou ainda que o Brasil cumpre uma velha agenda econômica, pautada no combate à inflação e no resgate da credibilidade perante o mundo.

PROPOSTAS

Dividido em três áreas temáticas --confiança, cidadania e prosperidade--, o documento intitulado "Para mudar de verdade o Brasil" apresenta 12 pontos que balizarão a atuação do partido no ano que vem.

No texto, o partido ressalta o compromisso com a ética e o combate à corrupção, a construção de um estado eficiente e a recuperação da credibilidade e formação de um ambiente adequado para atrair investimentos para o país.

Aécio afirmou também que a educação, a saúde e a segurança pública serão as áreas prioritárias de atenção do PSDB. Ele propôs a criação de uma política nacional de segurança pública com mais investimentos da União.

Ele defendeu mais autonomia para Estados e municípios. Para o tucano, o governo federal concentra grande parte das riquezas do país e deixa os problemas para os outros níveis da federação.

O documento, por fim, aponta uma aproximação com o agronegócio mas com responsabilidade ambiental. "Queremos mudar para ampliar a nossa produção e ao mesmo tempo assegurar a conservação do nosso patrimônio natural em aliança com a sociedade civil. [...] Queremos mudar para que governo deixe de ser um entrave e se torne um parceiro do agricultor brasileiro", disse.


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