Folha de S. Paulo


Em evento na fronteira, Lula exalta candidato e evita temas do PT

No dia em que o PT conheceu sua nova direção até 2017 e a principal prefeitura do partido enfrenta turbulência política, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva evitou temas da politica partidária atual em evento na noite desta terça-feira (12) na unidade de Corumbá da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul).

A única concessão ao assunto feita por Lula foi na referência, em discurso, ao senador Delcídio do Amaral (PT), provável candidato petista ao governo de MS, a quem chamou de futuro governador. "Se Deus quiser, vai ser nosso futuro governador", disse Lula no encontro sobre integração latino-americana com representantes do Brasil, Bolívia, Paraguai e Chile.

Em discurso, Lula disse que a política externa de sua gestão priorizou a integração com América do Sul e África, estratégia que, segundo ele, deve ser priorizada para fortalecer a economia e as políticas sociais do país.

O ex-presidente mencionou a gestão do antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB, 1995-2002), ao criticar a "burocracia" dos Legislativos locais na aprovação de projetos pró-integração regional. "Tem projetos meus e do Fernando Henrique que ainda não foram votados pelo Congresso."

A agenda de Lula ocorre no dia em que Rui Falcão, candidato de Lula, foi conduzido a um novo mandato na presidência nacional do PT e em meio a mudanças na gestão Fernando Haddad na Prefeitura de São Paulo, com a saída do secretário de Governo em meio a um escândalo de corrupção na arrecadação municipal.

Políticos sul-mato-grossenses defenderam no encontro a necessidade de o Brasil criar um canal de escoamento das exportações brasileiras pelo oceano Pacífico, via portos chilenos de Arica e Iquique. Disseram que o Brasil teria menos custos com frete e garantiria maior competitividade nas exportações para a Ásia.

Coube ao candidato local de Lula, Delcídio, que atuou na principal CPI do Congresso a investigar o mensalão, criticar a política externa do atual governo. Para o senador, a gestão Dilma Rousseff perdeu o foco na América do Sul e África.

"Está faltando política de integração no governo. O Brasil está perdendo várias oportunidades depois de tudo que o senhor [Lula] semeou", disse.

Após o encontro, Lula atendeu a imprensa por três minutos e retomou temas sobre integração latino-americana. Diante da insistência em temas como a possibilidade de voltar à Presidência, apenas um segurança brincou: "Vai voltar. Vai voltar ano que vem."


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