Folha de S. Paulo


PMs e professores entram em conflito no centro do Rio

Policiais militares e manifestantes entraram em confronto no começo da tarde desta terça-feira (1º) durante ato dos professores municipais e estaduais realizado em frente ao prédio da Câmara Municipal do Rio, na Cinelândia, centro da capital fluminense.

Os manifestantes são contra a votação do novo plano de cargos e salários dos professores municipais, que pode ocorrer hoje na Câmara.

Professores de escolas técnicas mantêm greve e vão para a Cinelândia, no Rio

A confusão teve início por volta das 14h, próximo do carro de som, após um policial e um professor baterem boca. Na discussão, o policial tentou prendê-lo. A atitude dos 12 militares irritou dezenas de manifestantes que reagiram.

Os policiais revidaram com uma bomba de efeito moral e outra de gás lacrimogêneo causando correria entre os professores.

A reação policial irritou um grupo ainda maior de manifestantes, que começou a hostilizar os PMs. Em meio ao bate-boca, uma nova confusão ocorreu dando início a uma pancadaria generalizada na Cinelândia. Os manifestantes enfrentaram novamente os policiais próximo ao Theatro Municipal.

Desta vez, os policiais recuaram e entraram na avenida Treze de Maio após os manifestantes lançarem paus, pedras, cones e garrafas contra os militares.

A policia revidou com mais bombas de efeitos moral e se retirou. A agressão cessou após um grupo de manifestantes pediram paz. O protesto reúne professores municipais e estaduais, além de integrantes de movimentos sociais e "black blocs".

Na parte da manhã, centenas de policiais militares montaram um cerco à Câmara Municipal, no centro da capital fluminense. Segundo a PM, o reforço policial foi um pedido do presidente da Casa, Jorge Felipe (PMDB), para evitar invasão e cancelamento da sessão no plenário. A votação do plano de carreira dos professores está prevista para as 16h de hoje.

ESCOLAS TÉCNICAS

Mais cedo, professores da Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro) decidiram manter a greve da categoria, iniciada no dia 12 de agosto.

Em assembleia realizada na manhã desta terça, os servidores decidiram apoiar o ato dos professores municipais que acontece na Cinelândia. A decisão foi tomada após a realização de uma votação.

Uma parte dos professores não concordaram com a decisão de ir até a Cinelândia porque parte dos presentes queriam fazer pressão no Palácio do governo e, depois, partir para a Cinelândia, onde estão concentrados os professores municipais. A maioria votou por unificar a luta da educação no Rio.

Os professores da Faetec têm sindicato próprio, pois as escolas técnicas do Rio fazem parte da Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia.

DEPREDAÇÃO

Ontem, um grupo de manifestantes que estava na Cinelândia, no centro do Rio, deixou a praça em direção à 5ª Delegacia de Polícia, na Lapa, zona boêmia da cidade.

No caminho, depredaram a fachada de vidro do Edifício Serrador, onde funciona a sede do grupo EBX, do empresário Eike Batista, que passa por uma grave crise financeira. Além disso, destruíram um toldo da lanchonete McDonald's e jogaram pedras em um ônibus.

Tânia Rêgo/Divulgação/ABr
Prédio da Câmara Municipal no Rio é cercado por grades impedindo a passagem de carros e pedestres
Manifestantes continuam acampados na lateral da Câmara; policiamento é reforçado para garantir sessão no plenário

"BLACK BLOCS"

No fim da tarde de ontem, "black blocs" se juntaram aos professores e deram voltas no quarteirão da Cinelândia, o que causou o fechamento de ruas e deu um nó no trânsito. Alguns deles estavam com o rosto encoberto, apesar da nova lei que proíbe o uso de máscaras no Rio.

Uma briga entre policiais militares e manifestantes "black blocs" terminou com uma pessoa com o pé quebrado, dois manifestantes detidos e uma bomba atirada dentro de uma viatura policial na avenida Rio Branco, centro do Rio. Manifestantes alegam que foi uma bomba de efeito moral de um policial que teria sido acionada por engano. Alguns, inclusive, gritaram "burro" para um grupo de PMs logo após o ocorrido.

Outros manifestantes, contudo, afirmam que foi uma bomba do tipo "cabeção de nego", atirada pelos que estavam protestando. Atônitos, os policiais apenas tiraram a viatura do local e não buscaram identificar responsáveis.

GREVES

Tanto a categoria dos professores municipais quanto a dos professores estaduais estão em greve desde agosto. Eles são contra o plano de cargos e salários proposto pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB). Ontem, Paes realizou uma teleconferência para responder dúvidas dos professores.

Paes fez críticas ao sindicato do professores, Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação), afirmando que continua aberto ao diálogo e que o plano é favorável à categoria, o que é contestado pelos professores.

Editoria de Arte/Folhapress

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