Folha de S. Paulo


Ministro da Agricultura se reúne com Conab para definir afastamento de diretor indiciado

Reunião marcada para a manhã desta sexta-feira (27) pode selar o destino do diretor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mantido no cargo apesar de indiciado pela Polícia Federal que investiga esquema de desvio num dos programas do "Fome Zero".

O diretor de política agrícola do órgão, o petista Sílvio Porto, permanece no cargo, mesmo tendo sido indiciado por pelo menos três crimes --estelionato, peculato e formação de quadrilha.

Conab afasta sete no Paraná, mas mantém diretor petista indiciado pela PF

Nesta sexta, está previsto encontro do ministro Antônio Andrade (Agricultura) com o presidente da Conab, Rubens Rodrigues, para se inteirar da investigação e discutir o caso do diretor mantido no cargo. Por determinação da Justiça, outros sete integrantes do órgão, entre eles o superintendente no Paraná, foram afastados.

O ministro da Agricultura defende o afastamento de todos os envolvidos caso haja evidências concretas de malfeitos. Mas a Conab afirmou nesta quinta-feira (26) que cabe à Presidência da República nomear e exonerar o diretor do órgão que foi indiciado por três crimes pela Polícia Federal.

Segundo a Conab, o estatuto prevê que o presidente e os quatro diretores são "nomeados pelo Presidente da República, por indicação do Ministro da Agricultura".

APOIO

No mesmo dia em que a PF deflagrou a operação contra a Conab, na terça (24), o presidente do órgão fez uma reunião com todos os servidores e com direito a sistema de videoconferência para sair em defesa do diretor indiciado. "Não sabemos muito. Estou aqui em solidariedade ao companheiro Sílvio. A rádio corredor é muito forte. Ele simplesmente prestou um depoimento agora de manhã. De fato, o que a imprensa está noticiando, a operação existiu no Paraná. Nos não conhecemos o inquérito. Quero aqui hipotecar todo o meu apoio e confiança ao Sílvio em relação que ele vem desenvolvendo na Conab", disse Rodrigues, que foi aplaudido pelo auditório lotado.

Segundo relatos de quem participou da reunião, Sílvio Porto disse que estava entrando num "túnel escuro" mas que iria sair dessa.

Porto é filiado ao PT do Rio Grande do Sul desde 1995 e muito próximo ao ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência da República), ex-chefe de gabinete do ex-presidente Lula.

A operação Agro-Fantasma foi deflagrada pela PF no Paraná, Estado onde foram identificadas diferentes fraudes no PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). De acordo com o delegado federal Maurício Todeschini, foi constatada a simulação de produção e entrega de alimentos feitas pela Conab em diferentes cidades.

A PF indiciou 58 pessoas por diferentes crimes e prendeu 11, entre elas está um gerente da Conab também filiado ao PT. Segundo as investigações, mesmo sabendo das suspeitas que pesavam contra esse gerente, Porto o manteve no cargo.


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