Folha de S. Paulo


Siemens é mantida em cadastro oficial de empresas 'éticas'

Mesmo sendo alvo de investigação pela prática de cartel em licitações de trens em São Paulo e Brasília, a Siemens foi mantida ontem num grupo de empresas classificadas pela CGU (Controladoria-Geral da União) como comprometidas com a ética, o Cadastro Empresa Pró-Ética.

A multinacional alemã, contudo, foi colocada num "regime especial de rigoroso acompanhamento" pelo comitê gestor desse cadastro, criado pela CGU com o apoio do Instituto Ethos, mantido por empresas privadas. A lista da CGU reúne companhias que têm controles internos para combater ilícitos e desvios.

A Siemens assinou em maio um acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para colaborar com investigações sobre a prática de cartel nas licitações de trens e entregou farta documentação sobre negociações com outras empresas do setor entre 1998 e 2008.

As revelações fizeram o comitê pedir esclarecimentos à Siemens, que entrou no cadastro da CGU em 2011. Em resposta, a Siemens afirmou ter um dos mecanismos de controle mais eficientes do mundo, mas se recusou a prestar as informações solicitadas, por causa do sigilo imposto pelo Cade ao caso.

Embora reconheça a prática de cartel em seis projetos, a empresa nega ter participado de fraudes em outras concorrências do setor e nega ter pago propina a políticos e autoridades. A CGU investiga contratos firmados por estatais federais com a Siemens e outras empresas que participaram do cartel dos trens.

Ontem, diante da ausência de informações da Siemens, o comitê gestor do cadastro de empresas éticas da CGU decidiu recorrer a autoridades envolvidas com as investigações, entre elas a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o próprio Cade.

"O comitê voltará a apreciar sua situação tão logo sejam obtidas novas informações ou esclarecimentos relevantes", informou a CGU. O caso só deve ser discutido novamente em novembro, quando o grupo terá sua próxima reunião.


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