Folha de S. Paulo


Renan afirma que 'não houve absolutamente nenhum erro' ao utilizar avião da FAB

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou nesta terça-feira (16) que "não houve absolutamente nenhum erro" ao utilizar um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para fins particulares.

Segundo ele, "era uma prática". Em discurso em uma cerimônia para o lançamento do portal do Congresso Nacional na internet, Renan tocou no assunto e listou as providência que adotou.

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"Não houve erro absolutamente nenhum. Era uma prática. As dúvidas continuaram, consultamos o conselho [de Transparência], fizemos o depósito [bancário], aprovamos requerimento para FAB disponibilizar as informações no Congresso. Não tenham nenhuma dúvida de que qualquer distorção será corrigida", disse Renan.

A Folha revelou que Renan Calheiros voou com a mulher para uma festa de casamento em Trancoso, na Bahia. Inicialmente, Renan disse que não iria ressarcir os cofres públicos, depois da repercussão devolveu R$ 32 mil.

O presidente do Senado solicitou 27 voos desde que assumiu, em fevereiro, até junho. Além de Alagoas, seu reduto político, foi ao Rio, São Paulo, Ceará e à Bahia. O antecessor de Renan, José Sarney (PMDB-AP), voou 18 vezes no mesmo período de 2012.

A Presidência da Câmara solicitou 61 voos até junho --47 pedidos pelo presidente, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que teve Natal como um dos principais destinos. Nove pedidos partiram do deputado André Vargas (PT-PR), que substituiu Alves em ao menos três ocasiões.

A Folha mostrou no início do mês que Eduardo Alves usou um jato oficial para levar a noiva e amigos para a final da Copa das Confederações, no Rio. Ele devolveu à União R$ 9.700.

Desde segunda-feira (15), o governo passou a disponibilizar os dados sobre as viagens das autoridades com aviões da FAB.

RELEMBRE OS CASOS

O Painel da Folha revelou no dia 4 de julho que o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), usou o avião da FAB para ir ao casamento da filha do líder do PMDB na Casa, Eduardo Braga (AM), que ocorreu em Trancoso (BA) e reuniu diversas autoridades.

Renan devolveu R$ 32 mil aos cofres públicos relativos ao uso da aeronave oficial no dia 15 de junho entre as cidades de Maceió, Porto Seguro e Brasília para participar do casamento.

No dia 5 de julho, a Folha também revelou que o ministro Garibaldi Alves Filho, da Previdência Social, viajou ao Rio em avião da FAB para ver o jogo do Brasil. No dia 28 de junho, Garibaldi foi a Fortaleza em agenda oficial. Em vez de voltar a Brasília, ele voou para o Rio, onde assistiu à partida no domingo. "Me senti no direito de o avião me deixar onde eu quisesse ficar", afirmou o ministro.

Garibaldi é primo do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), que usou outro avião da FAB para ver o jogo da seleção. A Folha revelou no dia 3 de julho que Alves levou sete convidados de Natal para o Rio. Glauber Gentil, que foi para o Rio com Garibaldi, pegou carona com Alves para voltar a Natal.

No mesmo dia, o presidente da Câmara disse que errou ao permitir que sete parentes pegassem carona em um avião da FAB para assistir ao jogo da seleção e devolveu à União R$ 9.700, segundo ele, equivale em bilhetes comerciais à carona dada a parentes em avião oficial.

A Procuradoria da República no Distrito Federal apura se houve irregularidade.

Luciano Veronezi/Editoria de arte folhapress

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