Folha de S. Paulo


Contrários à MP dos Portos, estivadores fazem greve em Santos e em Paranaguá

Estivadores de dois dos principais portos do país --Santos (SP) e Paranaguá (PR)-- fizeram greve ontem contra a medida provisória dos portos do governo Dilma.

Uma paralisação por tempo indeterminado foi convocada pelas três federações nacionais de trabalhadores portuários.

Os trabalhadores afirmam que a medida provisória que regulamenta o setor, em votação na Câmara dos Deputados, torna os portos privados mais vantajosos que os públicos, o que ameaçaria seus postos de trabalho.

"A maioria dos terminais foi pega de surpresa, até porque a MP ainda está no processo de votação no Congresso", disse o presidente do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo, Querginaldo Camargo.

Nelson Almeida - 1º.abr.2013/AFP
Trabalhadores no porto de Santos, principal do país; central sindical ameaça greve
Trabalhadores no porto de Santos, principal do país; central sindical anunciou greve

Os trabalhadores foram escalados, mas se recusam a embarcar e desembarcar as cargas.

Em Paranaguá, os 17 navios que estavam atracados estão parados. A maioria deles carregava soja, milho e açúcar. Há outros 101 na fila para atracar.

Os caminhões que se dirigiam ao porto, porém, continuam descarregando normalmente nos terminais. Apenas a operação dos navios foi afetada.

As empresas operadoras portuárias de Paranaguá informaram que irão recorrer à Justiça para interromper a greve, que consideram "abusiva".

ESTADO DE ALERTA

Os estivadores e portuários do Rio podem entrar em greve a qualquer momento, dependendo do que for decidido na votação do MP dos Portos, em Brasília.

"Santos já parou, Paranaguá já parou. Ainda não paramos, mas estamos em estado de alerta com indicativo de greve", afirmou, no Porto do Rio, Marcelo Dias, primeiro secretário do Estiva (Sindicato dos Estivadores do Rio de Janeiro).

Os estivadores estão, diz, alinhados com demais portuários, categoria que engloba a guarda portuária e outros trabalhadores registrados das companhias que atuam no porto.

"O Estiva já tem um indicativo de greve, e o que eles decidirem nós vamos seguir", declarou o presidente do Sindicato dos Portuários do Rio, Sérgio Gianetto, que acompanha, em Brasília, a votação da MP.

FORÇA SINDICAL

À frente dos protestos está a Força Sindical, liderada pelo deputado federal Paulinho da Força (PDT-SP). A organização defende que os trabalhadores dos portos privados sigam o mesmo regime de trabalho dos portos públicos.

Paulinho afirmou que outros três portos devem anunciar a entrada na greve ainda hoje --Recife (PE), Belém (PA) e Manaus (AM).

A Câmara realiza sessão hoje para tentar votar o texto. Segundo o governo, o texto original da MP tem potencial para reduzir custos e atrair investimentos. O objetivo é estimular a competição entre portos privados e públicos, na esperança de solucionar assim um dos principais gargalos da infraestrutura do país.

A MP remove restrições que inibem empresas que controlam terminais privados, e por isso enfrenta a oposição de concorrentes que exploram áreas dentro de portos públicos e sindicatos de trabalhadores.

Com Valor e Reuters


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