Folha de S. Paulo


Defesa diz que não há provas para condenar policiais por morte de PC Farias

No último ato antes de os jurados se reunirem para definir a sentença do caso Paulo César Farias, a defesa dos quatro ex-seguranças de PC acusados de envolvimento na morte do empresário e de sua namorada, Suzana Marcolino, disse que não há provas para condenar os réus.

"Como é que vão condenar essas pessoas, se nem o Ministério Público indica quem foi [o autor dos disparos]", disse o advogado José Fragoso, na tréplica no julgamento na noite desta sexta-feira (10), no Fórum da Capital, em Maceió.

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PC foi tesoureiro da campanha de Fernando Collor em 1989 e foi o operador do esquema de corrupção que culminou no impeachment do ex-presidente, em 1992.

O advogado citou declarações do próprio promotor Marcos Mousinho para tentar convencer que os quatro policiais não foram omissos nem permitiram que o casal acabasse assassinado no dia 23 de junho de 1996. Mousinho afirmou que os autores do crime nunca serão conhecidos.

A Promotoria acusa os ex-seguranças Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho, Josemar Faustino dos Santos e José Geraldo da Silva de homicídio por omissão -a tipificação prevista no Direito Penal para quando não é possível individualizar as condutas dos réus.

Já a defesa aponta para um crime passional, em que Suzana matou PC e depois se suicidou.

Fragoso, cujos honorários estão sendo pagos pelo ex-deputado Augusto Farias, irmão de PC, disse que o julgamento só está acontecendo agora, com tamanha repercussão, devido ao "sensacionalismo" da mídia

"A tese do duplo homicídio venderia muito mais na mídia do que a do suicídio de Suzana ", disse.

O advogado ainda reafirmou que nenhum dos laudos apresentados, mesmo os favoráveis à acusação, descarta totalmente a tese do suicídio de Suzana.

Além disso, disse que toda perícia não passa de uma interpretação sobre os fatos. "Não é uma prova. Ilumina a prova", disse.


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