Folha de S. Paulo


Deputado do PT reconhece 'encontros esporádicos' com empresário

O deputado federal José Mentor (PT) reconheceu nesta quarta-feira (17) ter tido "encontros esporádicos" com o empresário Olívio Scamatti, apontado pelas investigações da Operação Fratelli como membro da suposta quadrilha suspeita de ter fraudado licitações realizadas com verbas dos ministérios do Turismo e das Cidades.

Os valores investigados na operação vêm de emendas parlamentares e somam R$ 1 bilhão. O nome de Mentor aparece na apuração do Ministério Público, como a Folha revelou, mas o trecho que o cita foi retirado do inquérito para ser enviado à Procuradoria-Geral da República, em Brasília.

Procuradoria denuncia 19 acusados de fraudar licitações em SP

O principal objeto da investigação são obras de pavimentação em cidades paulistas, liberadas por emendas apresentadas por deputados federais. Havia uma "máfia do asfalto", de acordo com o Ministério Público.

O próprio Mentor afirma em seu site que uma empresa do grupo Scamatti executou obras de asfaltamento na cidade de Andradina, no valor de R$ 292,5 mil, indicadas por ele em 2012.

Mentor diz que a execução das emendas é "da responsabilidade das prefeituras" e que "elas devem prestar contas aos órgãos federais que destinam as verbas e aos de fiscalização".

O petista disse também que outras duas emendas apresentadas por ele para cidades do noroeste paulista, de R$ 100 mil cada, "poderiam ter sido" realizadas "pelas empresas do sr. Olívio", "embora não seja do meu conhecimento quem executou os serviços".

Mentor disse que conheceu Scamatti em meados de 2010, "apresentado por conhecidos e amigos comuns", mas que nunca o levou "a qualquer prefeito ou secretário municipal". "Nem ele nunca me pediu que o fizesse", afirmou.

Uma empresa do grupo Scamatti foi a maior financiadora da campanha de Mentor na eleição de 2010. Doou R$ 550 mil ao petista, cerca de 20% de tudo o que ele arrecadou.

Mentor diz que as contribuições ocorreram "através das pessoas que me ajudaram a arrecadar fundos", e que foram "realizadas nas contas próprias de campanha". Diz ainda que sua prestação foi aprovada pela Justiça Eleitoral.

OUTROS POLÍTICOS

Um dos supostos lobistas do esquema, Osvaldo Ferreira Filho, foi assessor parlamentar do hoje secretário da Casa Civil do governo Geraldo Alckmin (PSDB), Edson Aparecido, que nega qualquer ligação com o grupo.

Além de Mentor, também aparecem nas investigações os nomes dos deputados federais Arlindo Chinaglia, líder do governo na Câmara, e Cândido Vaccarezza, ambos do PT de São Paulo.

Chinaglia disse que não teve "nenhum contato" com pessoas do grupo Scamatti. Vaccarezza também afirma nunca ter tido qualquer tipo de relação com os fatos investigados pela Operação Fratelli.

O advogado de Scamatti, Alberto Toron, diz que as acusações são "totalmente infundadas". (PAULO GAMA)


Endereço da página:

Links no texto: