Folha de S. Paulo


Fórum Social de Porto Alegre começa com ausência de precursores

O Fórum Social 2013, que começa neste sábado em Porto Alegre e espera reunir 40 mil pessoas, colocou em lados opostos precursores do evento.

O encontro de movimentos sociais, criado como contraponto ao Fórum Econômico de Davos, na Suíça, tem sua edição deste ano no Rio Grande do Sul marcada pelo polêmico envolvimento da prefeitura e pela saída de tradicionais frequentadores.

Fórum Social no RS deve ser esvaziado por racha sindical

O ativista Chico Whitaker e o instituto Ibase, que ajudaram a promover as primeiras edições a partir de 2001, decidiram não aparecer agora. O evento também foi esvaziado por um racha entre centrais sindicais.

Wilson Dias/Divulgação/ABr
Participante do Fórum Social de Porto Alegre
Participante do Fórum Social de Porto Alegre

A CUT (Central Única dos Trabalhadores), ligada ao PT, já havia anunciado sua saída do Fórum 2013 em protesto contra a "institucionalização" do evento pela prefeitura e devido à influência da Força Sindical na organização. A Força é ligada ao PDT, do prefeito José Fortunati.

Whitaker, arquiteto e autor do livro "Desafio do Fórum Social", diz que se criou uma "luta pelo poder" dentro do evento que pode afastar os participantes comuns.

Para ele, o Fórum de Porto Alegre se distanciou de sua "Carta de Princípios" ao manter uma relação com a prefeitura e perder a autonomia diante de partidos políticos. A carta diz que a organização deve ser feita "de baixo para cima", sem imposições. "O Fórum Social Europeu passou por um processo equivalente a esse e morreu", diz.

O ativista iria participar de um seminário nesta edição em Porto Alegre para discutir o Fórum Social Mundial da Tunísia, que acontece em março. Com os atritos com a organização, a reunião foi transferida para São Paulo.

O Fórum na capital gaúcha foi pensado como uma prévia do encontro mundial no país africano. A abertura oficial ocorre com uma marcha neste sábado à tarde em Porto Alegre. Serão mais de mil atividades, como debates e oficinas, durante seis dias.

Wilson Dias/Divulgação/ABr
Grafiteiros gaúchos e de mais três Estados participam do Fórum Social de Porto Alegre
Grafiteiros gaúchos e de mais três Estados participam do Fórum Social de Porto Alegre

AUTOGESTÃO

Um dos principais idealizadores do primeiro evento em 2001, o empresário Oded Grajew manteve sua participação neste ano e nega que exista uma influência desmedida do poder municipal sobre o encontro.

Para ele, a característica do Fórum de ter atividades autogeridas permanece. "Não tem ninguém que diz para falar sobre isso ou aquilo. É diferente de uma conferência."

Para Grajew, as centrais sindicais precisam resolver o atrito entre elas. Questionado sobre a saída de antigos frequentadores, ele diz que não pode falar em nome de outros participantes


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