Folha de S. Paulo


editorial

Nova Câmara Municipal

Em meio a um sistema dominado por nomes conhecidos e hábitos famigerados, causa boa surpresa o aumento da participação feminina e de jovens entre os vereadores eleitos na cidade de São Paulo.

Os assentos ocupados por mulheres na Câmara Municipal passarão de 5 para 11, equivalendo a 20% do total de 55 vagas. Mesmo percentual recorde terão os vereadores com menos de 40 anos. Eram 6 no pleito de 2012, serão 11 na legislatura que se inicia em 2017 —8 deles em primeiro mandato.

A ampliação inédita dos dois grupos no Legislativo municipal ainda parece ser reflexo das manifestações de junho de 2013. Os perfis dos vereadores espelham a largura do espectro político e comportamental desses movimentos.

Entre os eleitos há quem ganhou notoriedade em protestos a favor do impeachment e quem ficou contra "o golpe", quem defende o direito ao aborto e quem compõe a bancada evangélica —e, naturalmente, quem pede o passe livre no transporte público.

Não se imagine, contudo, que a Câmara Municipal paulistana será um álbum sem figurinhas repetidas. A taxa de renovação foi de 40%, dentro da média histórica das últimas disputas.

Em outras palavras, 33 vereadores continuarão exatamente onde estavam —e dentre os novos há personagens como Eduardo Suplicy (PT) e Soninha Francine (PPS), que dispensam apresentações.

As maiores bancadas também são as mesmas: PSDB e PT, com a diferença que os tucanos passaram de 9 para 11 edis, e os petistas caíram de 11 para 9.

O arranjo favorecerá o início de gestão do prefeito eleito, João Doria (PSDB), cuja coligação pode atingir a marca de 38 vereadores.

No saldo entre mudanças e costumes arraigados, renova-se a esperança de uma relação menos perdulária com os recursos públicos. A Câmara custa mais de meio bilhão de reais por ano. Além do salário de R$ 15 mil, cada vereador recebe R$ 143 mil para contratar até 17 assistentes e conta com R$ 22 mil de verba de gabinete.

São bem-vindos os vereadores neófitos que já manifestaram maior zelo com a coisa pública —que tais metas não se percam no jogo político a que serão submetidos.


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