Folha de S. Paulo


editorial

Respostas europeias

Vindos da Grécia, milhares de imigrantes oriundos da África, da Ásia e do Oriente Médio se concentraram na fronteira com a Macedônia neste final de semana. A polícia reagiu inicialmente com bombas de gás lacrimogêneo e golpes de cassetete à tentativa da multidão de cruzar a fronteira do país.

Por fim, as autoridades permitiram que o fluxo humano avançasse e seguisse sua jornada em direção à Sérvia e à Hungria, porta de entrada da União Europeia (UE).

Esse foi apenas o mais recente dos trágicos episódios envolvendo a chegada de imigrantes na Europa neste ano. Mais frequentes nos últimos meses, não há sinal de que irão diminuir no futuro próximo.

Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, o planeta vive hoje a maior crise imigratória desde a Segunda Guerra Mundial. A Europa recebeu apenas em julho mais de 100 mil imigrantes, maior número já registrado pela agência de fronteiras da UE.

A imensa maioria foge dos horrores da guerra na Síria, da repressão política na Eritreia, de conflitos no Iraque e no Afeganistão e da pobreza da África subsaariana.

Paga-se em geral um valor elevado a contrabandistas que facilitam a travessia. Uma vez na Europa, buscam-se sobretudo os países do norte, com mais empregos e melhores condições de vida.

O agravamento da situação pode representar mais um teste para a coesão do bloco europeu. Alguns países consideram estar arcando com um peso desproporcional diante da pressão migratória.

Autoridades temem que, a menos que todos os países do bloco aceitem dividir os imigrantes entre si, a crise possa afetar um dos pilares da integração europeia –a livre circulação de pessoas no chamado Espaço Schengen (composto por quase todas as nações da UE).

Reunidos na segunda-feira (24), a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o presidente da França, François Hollande, exortaram os membros do bloco a adotar um sistema unificado para a concessão de asilos e a concordar com uma divisão justa dos refugiados.

A crise imigratória não se resolverá sem uma resposta conjunta e decidida dos países europeus. Decidido e conjunto deve ser também o repúdio a manifestações xenofóbicas como as que tomaram lugar na Alemanha nos últimos dias, onde abrigos para refugiados foram incendiados perto de Dresden.

*editoriais@uol.com.br


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