Folha de S. Paulo


Pai de manifestante morto diz que foi chefe de Maduro e pede 'justiça'

Carlos Garcia Rawlins - 22.jun.2017/Reuters
Um manifestante morreu nesta quinta-feira (22) após ser atingido por projéteis disparados pelas forças de segurança da Venezuela durante um protesto em Caracas convocado pela oposição.
Militar dispara contra David Vallenilla em protesto em Caracas na quinta-feira (22)

O pai de David José Vallenilla, jovem morto pela polícia em um protesto opositor em Caracas na quinta-feira (22), pediu ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que seja feita "justiça".

David Vallenilla, que conversou com jornalistas nesta sexta-feira (23) em frente ao necrotério, disse que era supervisor de Maduro no metrô de Caracas -antes da política, o atual presidente venezuelano trabalhou durante muitos anos como motorista de ônibus da companhia.

"Nicolás, é claro que houve uma agressão direta contra David, que você conheceu quando ele era pequeno", afirmou. "Não era malandro, era estudante (...) era meu único filho."

"Não quero dizer que se faça justiça, pois essa palavra já foi usada demais, mas quero pedir, por favor, Nicolás, que isso não continue."

Vallenilla, 22, morreu enquanto recebia tratamento no hospital após ser baleado uma manifestação convocada pela oposição.

O momento em que o rapaz é baleado foi captado em imagens. Nelas, um militar que estava atrás das grades de uma base aérea em Caracas aparece disparando ao menos três vezes contra o jovem, que então é socorrido por outros manifestantes.

A autópsia apontou que a causa de morte foi hemorragia interna provocada por perfuração do pulmão, do coração e do fígado.

O ministro do Interior, da Justiça e da Paz, Néstor Reverol, afirmou que foi empregada uma arma não autorizada para "repelir o ataque" de manifestantes e que o militar responsável pelos disparos foi preso.

Com Vallenilla, chega a 75 o total de mortos na onda de protestos e saques iniciada em abril.

Nesta sexta, manifestantes bloquearam ruas do país entre as 12h e as 14h (13h as 15h em Brasília) para protestar contra a morte de Vallenilla.

Em Caracas, a polícia voltou a reprimir um ato próximo ao lugar em que o jovem foi baleado na véspera. Foram usados jatos d'água e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.

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