Folha de S. Paulo


Tempestade de neve Stella acaba com primavera precoce em NY

Parecia um inverno gentil, que logo se despediria com suas temperaturas amenas e seus luminosos interregnos primaveris. No início de março a nova estação já parecia pronta a iniciar seu reinado, com pássaros piando nas árvores, esquilos saltitando nos parques e nova-iorquinos zanzando pelas ruas com roupas leves.

O "The New York Times" explicou na edição de 6 de março que já estávamos sob efeito da "primavera biológica". Uma foto simpática com pessoas alegres tocando instrumentos musicais e aproveitando o sol na Washington Square ilustrava uma reportagem sobre as temperaturas mais elevadas e o momento em que a natureza decidia contrariar o calendário para flexionar os músculos de sua mais esperada estação.

A desvantagem dessas primaveras antecipadas, dizia um especialista, é que quando uma geada forte se segue ao período de florescimento precoce, plantas podem ser danificadas e colheitas perdidas. A falsa primavera também estimula os mosquitos a começar suas atividades mais cedo e pode atrapalhar a rotina de pássaros migratórios. A compensação, gloriosa para humanos que vivem numa cidade como Nova York, com estações infalíveis e bem definidas, é encurtar a vida torturante do final do inverno.

Estava tudo correndo relativamente bem para plantas, pássaros e humanos, quando os termômetros começaram a despencar e Stella veio nos visitar nesta terça (14). Stella foi malvada, mas até que doce se comparada a tempestades terríveis, como Sandy, a filha do furacão, de 2012, ou a lendária grande nevasca de 1888, que matou 200 pessoas na cidade e passou a ser lembrada anualmente por um grupo de sobreviventes que se reunia para conversar e trocar lembranças sobre o ocorrido.

Como outras, Stella cobriu a cidade de neve, fechou escolas, atrapalhou o trânsito, suspendeu a circulação de trens, cancelou voos e deixou as pessoas em casa sonhando com a precoce primavera perdida.


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