Folha de S. Paulo


Milhares protestam contra decreto de Trump nas maiores cidades dos EUA

Com um misto de ânimo e apreensão após a suspensão temporária do decreto de Donald Trump que barra cidadãos de sete países de maioria muçulmana, centenas de pessoas se manifestaram em Washington neste sábado (4) contra a medida presidencial.

No início da tarde, um grupo maior, convocado pela organização Peace for Iran (o Irã é um dos sete países banidos), protestou em frente à Casa Branca com cartazes, músicas e vaias a Trump. Horas depois, dezenas se reuniram em frente ao Lincoln Memorial para uma vigília com velas.

Eleanor Hall, uma das líderes da League of Unstoppable Women (Liga das mulheres que não podem ser paradas), que organizou a vigília, defende que a mobilização ainda é necessária já que a decisão do juiz federal de Seattle na noite de sexta (3) suspendendo o decreto foi contestada pelo governo.

"O governo já disse que vai tentar reverter isso, então precisamos continuar nas ruas para mostrar que estamos vigilantes sobre o que é importante para nós", diz Hall.

Os protestos se repetiram em outras cidades do país e do mundo. Houve manifestações em Nova York, Los Angeles, Atlanta, Salt Lake City, Denver e na entrada do resort de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, onde o mandatário passa o fim de semana.

No aeroporto de Los Angeles, os manifestantes contrários encontraram um grupo minoritário que protestava a favor da medida. Não houve confronto. No resto do mundo, foram registradas manifestações em Londres, Berlim, Paris e Jacarta, na Indonésia, país com maior população islâmica do mundo.

Há uma semana, Trump assinou um decreto proibindo a entrada, por 90 dias, de qualquer cidadão de sete países que, segundo o governo, representariam uma ameaça terrorista aos EUA (Síria, Iraque, Irã, Iêmen, Líbia, Somália e Sudão). O texto também proíbe a admissão de refugiados por 120 dias.

Na sexta (4), o juiz federal James Robart concedeu uma liminar suspendendo a proibição em todo o país, o que fez com que os cerca de 60 mil vistos que tinham sido suspensos desde a entrada em vigor do decreto voltassem a valer, segundo o Departamento de Estado.

O Departamento de Justiça, no entanto, afirmou que vai recorrer da decisão —o que fez com que grande parte dos indivíduos afetados pelo decreto agilizassem seu embarque para os EUA ainda neste sábado.

Durante o dia, Trump publicou em sua conta no Twitter críticas ao "chamado juiz" Robart e à sua decisão "ridícula", que será "derrubada".

"Porque a proibição foi suspensa por um juiz, muitas pessoas muito más e perigosas podem estar entrando no nosso país. Uma decisão terrível", escreveu.

A professora Lauren Brownlee, 34, diz esperar que a tentativa de Trump de reverter a decisão judicial leve mais gente às ruas nos próximos dias. "Se ele diz que vai continuar lutando, é bom que ele saiba que nós também vamos."

Com informações das agências de notícias.


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