Donald Trump começa a pôr em prática suas promessas de campanha. Uma das primeiras, a saída do TPP (Parceria Transpacífico, que engloba 12 países), pode ser, a curto prazo, uma boa notícia para o Brasil. Pelo menos no setor de agronegócio.
Brasil e Estados Unidos praticamente disputam os mesmos mercados mundiais de grãos e de carnes, e o TPP daria uma vantagem aos Estados Unidos nos países que integrariam esse acordo.
Saul Loeb/AFP | ||
O presidente dos EUA, Donald Trump, assina o decreto que dá fim à Parceria Transpacífico |
Esses países têm necessidades crescentes de alimentos e de outras commodities.
Já com uma máquina bem mais eficiente do que a do Brasil no mercado externo, os EUA teriam taxas diferenciadas —em vários casos, zeradas— em países com boa renda e em busca de produtos com maior valor agregado.
Concorrentes, mas com pouca relação comercial entre si no setor de agronegócio, o Brasil e os Estados Unidos se destacam tanto no mercado europeu como no asiático. A posição de confronto de Trump com parceiros comerciais tradicionais, inclusive a Europa, amplia o comércio brasileiro.
As ameaças de Trump não se limitam ao TPP. Elas podem se estender também sobre o Nafta (acordo comercial na América do Norte). Sem tarifas diferenciadas, Canadá e México podem se voltar mais para o mercado brasileiro de grãos e de carnes.
Essa freada dos Estados Unidos nos tratados poderá trazer vantagens ao Brasil, desde que o país faça a lição de casa de buscar novos acordos comerciais.
A presença comercial dos EUA no TPP, se esse fosse concretizado, seria desastrosa para o Brasil. Mesmo sem o acordo, os norte-americanos já abocanham US$ 57 bilhões em exportações do agronegócio para os 11 países do bloco que estava sendo formado.
Esse mercado, com redução de tarifas ou até taxa zero, elevaria a presença norte-americana, dificultando a presença brasileira.
A saída dos Estados Unidos do TPP não será bem-aceita pelo Meio-Oeste do país, região produtora de grãos e de carnes e que deu apoio eleitoral ao presidente.
Os produtores dos EUA perdem grande chance de avançar sobre um mercado ávido por carnes, soja e milho, produtos nos quais os EUA se destacam e dos quais são grandes exportadores.
A curto prazo, o Brasil ganha com as ações de Trump. A longo prazo, no entanto, se outros países adotarem a posição protecionista de Trump, as dificuldades crescerão no comércio mundial.