Folha de S. Paulo


Rebeldes sírios e governo falam sobre novo acordo para liberar Aleppo

Um novo acordo está sendo negociado para completar a evacuação de áreas rebeldes ao leste de Aleppo, na Síria, suspensa nesta sexta-feira (16) depois que as forças pró-governo exigiram que pessoas também fossem removidas de duas aldeias sitiadas por insurgentes.

Um oficial rebelde sírio e um oficial do governo disseram neste sábado (17) que a evacuação de Aleppo seria retomada e as duas aldeias xiitas seriam liberadas, bem como os feridos de duas cidades próximas à fronteira libanesa e ao leste de Aleppo.

Mas de acordo com informações da agência Reuters, as negociações ainda estão em andamento para finalizar como as evacuações aconteceriam e quantas pessoas iriam embora.

Um ponto de discórdia em conversações esta semana foi o número de pessoas que terá permissão para deixar as aldeias xiitas de al-Foua e Kefraya, na província de Idlib, que são sitiadas por insurgentes.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha informou que milhares de pessoas assustadas e feridas ainda estavam no leste de Aleppo esperando para sair.

O oficial rebelde al-Farouk Abu Bakr, falando de Aleppo mais cedo, disse que o acordo incluiria a evacuação das duas aldeias xiitas sitiadas por insurgentes, a liberação de feridos de duas cidades sitiadas por forças pró-governo perto da fronteira libanesa e a evacuação total de Aleppo oriental rebelde.

As cidades de Madaya e Zabadani são bloqueadas por forças pró-governo.

A operação de retirada de pessoas das últimas áreas controladas pela oposição na cidade síria de Aleppo foi suspensa depois que milícias pró-governo exigiram que pessoas feridas deveriam também ser retiradas de duas vilas xiitas cercadas pelos combatentes rebeldes.

CRUZ VERMELHA

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha pediu, neste sábado (17), às partes em conflito na Síria que concordem rapidamente com um plano para retirar as pessoas do leste de Aleppo e fornecer sólidas garantias de segurança, após a evacuação ser interrompida.

"Estamos prontos para retomar a evacuação de acordo com nosso mandato humanitário, mas agora esperamos que todas as partes no local nos deem sólidas garantias para mantermos a operação em andamento. São eles que têm de proteger as pessoas e proporcionar a passagem segura ", disse a chefe da Cruz Vermelha na Síria, em Aleppo, Marianne Gasser.

Segundo a Cruz Vermelha, milhares de pessoas com frio e assustadas, incluindo mulheres, crianças, doentes e feridos, aguardavam a continuidade da operação no Leste de Aleppo.

"As pessoas esperam que continuemos a evacuação, é importante que as partes façam o possível para acabar com esse limbo", disse Marianne. "As pessoas sofreram muito, por favor, cheguem a um acordo e ajudem a salvar milhares de vidas".

De acordo com a Cruz Vermelha, eles já retiraram cerca de 10 mil pessoas, muitas das quais em estado crítico de saúde.

Elizabeth Hoff, representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) na Síria, disse à Reuters não ter certeza se haveria tempo para início imediato das evacuações.

CESSAR-FOGO

Nesta quinta-feira (15), as primeiras pessoas deixaram os bairros rebeldes da cidade síria de Aleppo.

A TV pública síria mostrou imagens do comboio com cerca de 20 ônibus e dez ambulâncias, que transportavam principalmente feridos e seus parentes. Eles saíram da região em conflito após acordo em que os rebeldes entregarão ao governo o bolsão que dominam no leste da cidade.

Os últimos rebeldes entrincheirados no local seriam levados para Idlib, assim como de suas famílias, de acordo com o Exército da Rússia. Os russos são aliados ao regime sírio.

A queda de Aleppo constitui uma grande derrota para a rebelião síria, que havia conquistado a parte leste da capital econômica do país em 2012. As tropas do governo, com o apoio da aviação russa e de milícias libanesas, iraquianas e iranianas, derrotaram os em uma ofensiva fulminante de 30 dias, iniciada em 15 de novembro.


Endereço da página:

Links no texto: